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Notícias / Política

26/11/2020 às 11:25

Na eleição da pandemia, cai o número de médicos eleitos em 2020

Número passou de 850 em 2016 para 685 neste ano, uma redução de 19,4%. Já o total de enfermeiros eleitos subiu 12,5%, e o de técnicos de enfermagem aumentou 13,5%.

Por G1

Na eleição da pandemia, cai o número de médicos eleitos em 2020

Foto: Arquivo / Agência Brasil

O número de médicos eleitos neste ano, na eleição que ocorreu em plena pandemia, caiu 19,4% em relação à última eleição municipal, em 2016, revelam dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foram 850 eleitos no último pleito. Agora, foram 685.

O total de eleitos com profissões da área da saúde se manteve praticamente estável apesar do aumento de 15% na quantidade de candidatos com essas ocupações em comparação com 2016.

A queda no total de médicos eleitos foi compensada por um aumento de eleitos em funções como enfermeiro, técnico em enfermagem e fisioterapeuta, como mostra gráfico abaixo.



Entre as ocupações da área de saúde, os enfermeiros passaram a ter o maior número de eleitos. Foram 693 candidatos vencedores, uma alta de 12,5% em relação aos 616 da última eleição. Técnicos em enfermagem registraram crescimento similar. Passaram de 334 para 379 no período, aumento de 13,5%.

Médicos ganham mais prefeituras

Houve uma diferença no perfil dos cargos vencidos pelos profissionais de saúde. Enquanto 35% dos médicos se elegeram prefeitos, apenas 5% dos enfermeiros e 1% dos técnicos de enfermagem conseguiram a mesma função.

O padrão se repete nas outras ocupações, com a grande maioria sendo eleita para vereador.



Pandemia e imagem dos médicos

Eduardo Grin, professor de Gestão Pública da FGV-SP, diz que é necessário fazer um estudo aprofundado dos motivos que levaram à queda dos médicos eleitos, mas levanta algumas hipóteses para o desempenho dos profissionais ficar aquém do esperado.

Segundo Grin, o fato de a pandemia do coronavírus ainda estar em curso, com números de casos e mortes em alta, pode criar nos eleitores uma avaliação de que os médicos não foram bem-sucedidos no controle da doença e, portanto, também não serão para resolver problemas de outras áreas além da saúde.

"A pandemia revela efeitos multidimensionais. O cara perdeu o emprego, não tem renda, tem que procurar o SUS, não tem mais plano privado, tem que procurar a rede pública de educação para o filho porque não tem mais como pagar escola, tem que pagar o IPTU, mas não tem grana. Talvez o eleitor olhe o candidato pensando: 'O cara era médico e não conseguiu resolver o problema da saúde. Será que quando for prefeito vai conseguir resolver o problema da escola pública, de criar emprego e renda?' Se não resolveu um problema, não vai resolver dois, três, quatro, dez", avalia o pesquisador.

Segundo ele, o crescimento dos enfermeiros e técnicos de enfermagem eleitos pode ter outra explicação, já que esses profissionais tendem a ter contato mais direto e frequente com os eleitores.

"No dia a dia, quem é que lida com o paciente que teve Covid? Não é o médico. É o enfermeiro, que está na linha de frente. Está trocando a roupa, dando medicação etc. Talvez na cabeça do eleitor essa ideia do profissional de saúde que acolhe tenha sido avaliada como positiva e, portanto, convertida em votos."

Grin destaca ainda a grande diferença nos cargos ocupados pelos profissionais de saúde.

"Ainda que os médicos tenham tido uma queda, é profundamente superior o percentual de médicos prefeitos e prefeitas em comparação com enfermeiros", ressalta. "Isso tem uma lógica. No imaginário das pessoas, o médico é o doutor. O enfermeiro é alguém que está abaixo do doutor. Essas lógicas também são construídas pelos eleitores. Essa desproporção não se explica politicamente. Se explica sociologicamente."
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