A mudança da implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) para o Bus Rapid Transit (BRT), anunciada pelo governo de Mato Grosso no fim de dezembro de 2020, ainda divide opiniões na Assembleia Legislativa. Enquanto alguns parlamentares pedem debate sobre o tema, defensores da mudança alegam que modal é símbolo de corrupção.
O assunto chegou ao Legislativo na manhã de terça-feira (5), quando o governo enviou oficialmente um projeto de lei que o autoriza a mudar o contrato firmado com a Caixa Econômica Federal para financiamento da obra. O texto foi colocado para a primeira votação nesta quarta-feira (6) e aprovado por maioria dos votos.
Durante as discussões, os deputados Faissal Calil (PV), Silvio Fávero (PSL) e Wilson Santos (PSDB) defenderam a mudança do modal como a única possibilidade de conclusão das obras. Para ambos, a única alternativa à mudança do projeto é se o governo decidir não apenas não concluí-lo, mas abandonar completamente as obras.
“Antes do paletó, o VLT era o símbolo de corrupção no Estado de Mato Grosso. Foi uma grande roubalheira anunciada, perpetrada por Silval e seus amigos. Todos sabem. Cuiabá era linda, tinha o título de cidade verde, e hoje o que temos? canteiros com gelos baianos, que só servem para provocar acidentes”, disse Faissal ao defender a mudança de modal.
Faissal também lembrou que a conclusão do VLT foi promessa feita por dois governos e, em seis anos, não foi concluído. “Será que vocês não perceberam que o VLT é impraticável, infelizmente? Então temos aqui duas opções: ou BRT ou deixar como está”, questionou.
Por sua vez, o deputado Valdir Barranco (PT) criticou o governador Mauro Mendes (DEM) por falta de transparência com a Assembleia e a sociedade. Na tribuna, Barranco pontuou que o projeto de lei do governo é “tão raso que parece que foi feito em cima de um capô de caminhão, sem nenhuma fundamentação”.
Barranco foi além e questionou as intenções dos políticos que antes defendiam o VLT e agora cobram a mudança do modal. O parlamentar pontuou a necessidade de discussão do assunto com os moradores de Cuiabá e Várzea Grande, uma vez que a obra tem impacto na população, e defendeu que o primeiro modal é um dos meios de transporte mais modernos do mundo. Por isso, clamou que a decisão de mudança seja tomada apenas após o estudo ser apresentado e especialistas ouvidos.
A falta de embasamento no pedido do governo foi, mais tarde, lembrada pelo deputado Ulysses Moraes (PSL). À imprensa, o parlamentar afirmou que o projeto de lei enviado tem justificativa rasa e afirmou que os deputados não tiveram acesso aos estudos que descartaram a viabilidade do VLT.
Apesar do posicionamento, Ulysses, assim como Silvio Fávero (PSL) e o presidente da Casa, Eduardo Botelho (DEM), afastou da Assembleia Legislativa a responsabilidade sobre a mudança do modal.
Durante as discussões, os três apontaram que cabe ao governo fazer a análise de qual seria o melhor modal e que à Assembleia restava apenas aprovar a alteração de projeto. Fávero ainda foi além e sugeriu que alguns agentes estariam usando a situação para “politicagem”, o que afirmou não ser o momento adequado. "Essa decisão não é nossa. Vamos deixar bem claro", finalizou Botelho.
O projeto que autoriza a mudança do modal foi aprovado em segunda votação nesta quinta-feira (7).