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Notícias / Polícia

07/03/2021 às 14:14

Laboratório Forense de MT tem acúmulo de mais de 3 mil exames e precisa de mais efetivo

Solução definitiva, na visão da diretora, seria a restruturação do lotacionograma para a criação de mais vagas e realização de concurso público

Eduarda Fernandes

Laboratório Forense de MT tem acúmulo de mais de 3 mil exames e precisa de mais efetivo

Foto: Eduarda Fernandes / Leiagora

No decorrer dos últimos anos, houve aumento significativo na demanda do Laboratório Forense, setor responsável pelos exames nas áreas química e biológica da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec). Atualmente, há um passivo de aproximadamente 1 mil exames de toxicologia e em torno de 3 mil de DNA.

Um dos motivos que contribuiu para o aumento dessa demanda e, consequente atraso na realização das análises, foi a alta resolutividade de casos emblemáticos, como do menino de 2 anos que morreu após ingerir achocolatado envenenado com pesticida, em 2016, e o caso da menina Mirella Poliana Chue, que morreu aos 11 anos, em 2019, também por envenenamento.

“Cada resultado novo que dá uma resposta à sociedade, abre uma demanda, abre as possibilidades de outras análises. Coisas que antes as pessoas não se atentavam, começam solicitar análises novas. E o quantitativo de pessoal não acompanhou, nem de equipamentos, que são caríssimos e de altíssima geração. Hoje temos um equipamento que atende toxicologia, mas que atende química também. E esse equipamento fica trocando de usuário toda hora porque é um só. Então não conseguimos atender toda a demanda”, explica a diretora do Laboratório Forense, Alessandra Paiva Puertas, em entrevista ao Leiagora.

Por conta da fila que se criou, a diretora conta que se chegar uma amostra hoje ao laboratório, não é possível colocá-la em análise de imediato, porque tem outras que chegaram primeiro. “São outras famílias esperando o resultado. Esse é um dos problemas”, lamenta.

Neste contexto, Alessandra conta que dois setores estão extremamente críticos, a toxicologia e o DNA. “Na toxicologia, preciso de mais um perito efetivamente e mais um temporário para atender a demanda acumulada. Aí com o tempo eu conseguiria amenizar o problema. Estamos recebendo um que vai tomar posse daqui uns dias, então imaginamos que já ameniza um pouco, mas temos um passivo para cumprir. Cerca de mais de mil exames que estão acumulados só na toxicologia”, relata.

A toxicologia é a busca por substância estranha, em amostras corporais, que possa ter causado ou contribuído para a morte de alguém.

Mesmo com a chegada do novo perito, não há uma previsão exata de quando o passivo deve começar a reduzir. Isso porque ele precisará passar por um treinamento geral de todas as áreas de perícia e então ser especializado. “E essa especialidade também não é do dia para a noite que o perito consegue fazer um exame de alta complexidade, ele vai ter que ir treinando com o tempo. Então não temos essa previsão, sem contar que ainda estamos em pandemia”.

Concurso
Uma solução definitiva, na visão de Alessandra, seria a restruturação do lotacionograma do Laboratório Forense, para a criação de mais vagas, e então realização de um concurso público. Hoje o Laboratório conta com aproximadamente 40 colaboradores e atende as demandas de todo o Estado. “É uma demanda muito alta e o quantitativo de pessoal é insuficiente para essa demanda”.
 
Impacto da pandemia
Na toxicologia, setor já afetado pela alta demanda, a situação complicou ainda mais quando os dois peritos que ali atuam contraíram covid-19 ao mesmo tempo. “Um deles esteve na UTI em estado grave, depois a recuperação foi lenta. Depois o pai dele morreu, teve a licença. Acumulou de tal forma que parou o setor por um tempo”, lembra a diretora. O setor ficou em torno de 15 dias fechado.

O mesmo aconteceu com o setor do DNA, onde três funcionários foram infectados pela doença pandêmica na mesma semana. Alessandra se viu obrigada a fechar o laboratório para impedir que mais pessoas se contaminassem. “Eles se afastaram, ficaram um tempo de quarentena, de recuperação da saúde. E ainda tive que fechar o laboratório para desinfecção. Então essas questões também vêm a fazer com que a nossa eficiência não seja a mesma de antigamente”.

Demora nas análises
A diretora do Laboratório Forense explica que além de todos os fatores elencados acima, as análises forenses por si só não são tão rápidas como um exame de laboratório comum.

Para fazer um exame toxicológico, é preciso extrair material da amostra coletada. E para isso, às vezes é necessário fazer algum tratamento químico para extrair a substância. Só depois que a substância é separada que isso é injetado no equipamento que faz análise e identifica do que se trata.

Já o exame de DNA possui dezenas de etapas e todas são bastante demoradas. Alessandra cita como exemplo hipotético uma pessoa morreu e o laboratório forense tem apenas um dente identifica-la. “Só para retirar o cálcio para conseguir chegar nas células que eu preciso, são 15 dias de trabalho. Depois que vou trabalhar esse dente para as próximas etapas que não são rápidas também. Então um exame de DNA por si, já é uma técnica morosa”.

Diante da particularidade de cada material, ela esclarece que não é possível estabelecer um prazo para a conclusão de um exame de DNA. “Por exemplo, você pega uma pessoa que sofreu um acidente e foi carbonizada, você não sabe a condição que está aquele material. Às vezes você pega um material achando que está difícil, aparece o DNA super rápido. Outras vezes você acha que o material é fácil e demora. Você não tem controle sobre as condições em que essa amostra esteve, da temperatura do fogo, do sol, da chuva, da salinidade do solo”, conclui.
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1 comentário

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  • Rafael domingos da silva e souza 07/03/2021 às 00:00

    Fiz três exames de corpo delito por ser vitima de estupros(x), nessa instituição criminosa. Todos os três aduterados criminosamente. Tenho provas.

 
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