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Notícias / Política

24/03/2021 às 09:08

No 1º discurso, Cattani rebate secretário: ‘não posso pedir para o povo escolher como vai morrer’

O deputado que assumiu na vaga de Sílvio Fávero, morto em decorrência da covid, se posicionou contrário ao 'feriadão' e declarou: 'as nossas vacas não sabem o que é um feriado'

Camilla Zeni

No 1º discurso, Cattani rebate secretário: ‘não posso pedir para o povo escolher como vai morrer’

O deputado estadual Gilberto Cattani

Foto: Reprodução

O recém-empossado deputado estadual Gilberto Cattani (PSL) usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso nessa terça-feira (23) pela primeira vez. Ele aproveitou o momento para defender sua principal bandeira, a da agricultura familiar, e, ao mesmo tempo, mandar um recado para o governo do Estado. 

“Eu não posso condenar o povo mato-grossense a escolher de que maneira ele vai morrer. Se vai morrer por uma doença maléfica que está acabando com o nosso país e o nosso estado, se vai escolher morrer como muitos aí, que estão pulando de prédios, se jogando na frente de carretas, porque perderam tudo que tem, ou, ainda, se vai morrer de fome. Nós não podemos, aqui, decidir o que os nossos companheiros mato-grossenses vão fazer com suas vidas”, ponderou o parlamentar.

Na ocasião, Cattani era mais um dos deputados que se manifestaram contrários à proposta de antecipação de feriados estaduais, que inclusive acabou rejeitada pelo Parlamento. O projeto foi enviado pelo Governo do Estado à Assembleia na noite de segunda-feira (22), como uma das medidas para conter o avanço da covid-19 no Estado, que matou mais de 7 mil pessoas em Mato Grosso até esta quarta-feira (24). 

A fala de Cattani rebate comentário até do secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, que, durante entrevista à rádio CBN Cuiabá, no dia 17, comentou: “Eu escutei lá na feira do Porto os empresários falando que tinham que trabalhar porque senão vão morrer de fome. Aí eu falei para ele assim: ‘você prefere morrer de fome ou de covid? Porque, se morrer de covid você nem vai trabalhar depois. Eu sei que é sacrifício para todos, mas aí cada um tem que nivelar qual é a importância da sua vida. Essa agora é a decisão: viver ou fazer parte da estatística”.
 
Gilberto Figueiredo acrescentou que o governo entende a preocupação dos comerciantes, mas pondera a situação de pandemia.

Escolha da morte

Diversos deputados se manifestaram contrários à proposta do Governo, alegando prejuízo financeiro às famílias, principalmente aos autônomos. Eles também destacaram que o Estado já adotou medidas restritivas no início do mês e percebeu que não foram eficazes.

Pela proposta do governo, agora, a tentativa é um feriado prolongado, para que haja diminuição da circulação de pessoas. O projeto previa 10 dias corridos de feriados, com a antecipação de Corpus Christi, Consciência Negra, Dia do Servidor Público, Dia do Trabalhador e aniversário dos municípios. 

“As nossas vacas não sabem o que é um feriado. Elas não param de produzir leite. Se nós ficarmos 10 dias sem tirar o leite das nossas vacas e entregar no laticínio, o prejuízo é imensurável. Sem contar que é uma cadeia inteira que fica parada. A agricultura como um todo”, comentou Cattani, que é produtor rural. Ele ainda destacou que, se não tivesse sido empossado deputado na quinta-feira passada (18), também estaria trabalhando na roça naquele momento.
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