Aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) transportaram 132 caixas com 5 mil comprimidos de cloroquina. O destino do medicamento é mantido em sigilo pelo órgão, assim como as dadas exatas das duas ocasiões do transporte, mas sabe-se que ocorreram entre 2020 e fevereiro de 2021.
A informação é de um ofício enviado ao Ministério Público Federal em 15 de março e assinado pelo então comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Antonio Carlos Bermudez, que foi demitido por Bolsonaro em 30 de março.
“No que concerne à distribuição do princípio ativo, foram transportadas, em duas oportunidades, 132 caixas e 5 mil comprimidos, sucessivamente, do medicamento cloroquina em missões da FAB”, afirmou o tenente.
À Folha de S.Paulo, a Aeronáutica defendeu que sua participação se deu a partir de um planejamento do Ministério da Saúde, repassado ao Ministério da Defesa. “A Força Aérea apenas cumpre a missão”, afirmou o órgão.
Ainda segundo a Folha, em pelo menos duas ocasiões o medicamento teve comunidades indígenas como destino. Em junho de 2020, a FAB levou 1,5 mil comprimidos de cloroquina à região da Cabeça do Cachorro, no Amazonas, na fronteira com a Colômbia e a Venezuela. Entre junho e julho do ano passado, outra entrega foi feita, dessa vez em Roraima, em distritos sanitários que cuidam de indígenas.
As informações foram divulgadas em meio à CPI da Covid-19, que tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.