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Notícias / Política

12/05/2021 às 16:23

Operação policial no RJ gera moção de aplauso e debate intenso na ALMT

A proposta foi apresentada por Xuxu Dal Molim (PSC) e ganhou apoio da bancada da Segurança Pública, tendo apenas voto contrário de Lúdio Cabral (PT)

Camilla Zeni

Operação policial no RJ gera moção de aplauso e debate intenso na ALMT

Foto: Fablício Rodrigues/ALMT

Operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro no morro do Jacarezinho, deflagrada no dia 6 de abril e que resultou na morte de 29 pessoas, causou intenso debate na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT). A movimentação aconteceu porque, na sessão plenária desta quarta-feira (12), foi aprovada uma moção de aplausos à Policía Civil envolvida na operação. 

A moção foi proposta pelo deputado Xuxu Dal'Molin (PSC), com apoio dos membros da Comissão de Segurança Pública. João Batista do Sindispen (Pros), Elizeu Nascimento (PSL) e Gilberto Cattani (PSL) foram alguns dos deputados que defenderam a proposta durante as discussões.

O deputado Lúdio Cabral (PT) foi quem chamou a atenção para a moção, que estava sendo apreciada em um conjunto de outros encaminhamentos. Além de registrar seu voto contrário, o parlamentar criticou a postura dos colegas da Assembleia com a propositura, avaliando que isso poderia trazer um entendimento de apologia à morte. 

"Me desculpe o colega deputado que propôs essa moção, mas é inaceitável que a Assembleia aprove qualquer moção de aplauso dessa natureza. Sob qualquer ponto de vista, se trata de uma operação desastrosa, fracassada e, muito provavelmente, criminosa. Uma operação que resulta nessa quantidade de mortes... A polícia não existe para matar, mas deveria, com inteligência, deter as pessoas [investigadas]", comentou o parlamentar.

Lúdio ponderou que, apesar do objetivo da ação ser a detenção de uma quadrilha envolvida em aliciamento de menores, apenas três dos 21 investigados acabaram presos e outros três foram mortos. Entretanto, outras 26 pessoas foram mortas, das quais 13 não tinham qualquer relação com a investigação e outros corpos não foram identificados. O parlamentar ainda destacou que a Organização das Nações Unidas (ONU) está cobrando investigação sobre o caso.

As falas de Lúdio foram seguidas pelas palavras do deputado João Batista, que defendeu a operação. O parlamentar afirmou que faz questão de parabenizar a operação, que foi resultado de mais de oito meses de investigação, sem entrar no mérito das mortes. 

“Nós não podemos, sob alegação da defesa dos direitos humanos dos criminosos, deixar que cidadãos de bens percam sua vida e sua dignidade, sua família. Nossa moção de aplauso não é pelas mortes dos criminosos. Eu sou pai e jamais gostaria que infelizmente um filho meu se desviasse e morresse nas mãos da polícia. Jamais. Não desejo para ninguém. Mas temos que incentivar que a Justiça, o Ministério Público, Defensoria Pública e as polícias tomem conta do morro, das favelas, das escolas, e garantam ao cidadão de bem dignidade e respeito”, disse, exaltado.

O deputado Elizeu Nascimento, por sua vez, afirmou que todos os mortos da operação, com exceção de um policial civil que morreu durante a ação, seriam “vagabundos” e “marginais”, e alegou que Lúdio Cabral estaria fazendo uma inversão de valores ao tratar do caso. 

“É uma inversão de valores que temos que acabar. Temos que defender o trabalhador, o policial, o médico, o enfermeiro. Agora, infelizmente o Lúdio se equivocou em relação àquelas figuras. São um bando de vagabundos lá no Rio de Janeiro”, comentou, de forma online. 

Gilberto Cattani também deu sua contribuição. “Perdemos um herói da Polícia Civil que foi para defender a população contra os marginais. Da mesma sorte, ali tivemos 29 pessoas mortas na operação, 29 marginais. Se eu morasse no Rio de Janeiro, eu estaria um pouco mais tranquilo, porque são 29 pessoas que não vão mais assaltar, traficar, estuprar. Então fica aqui a nossa honraria ao grande herói André Frias, que deu sua vida para defender a população”, falou, citando o agente morto. 

Após as falas, o deputado Lúdio Cabral voltou a defender que não caberia à Assembleia aprovar tal moção, e a discussão foi encerrada com a participação do deputado Wilson Santos (PSDB), que comentou: “Parece que não temos problemas aqui em Mato Grosso”. A fala foi seguida de um resgate histórico da morte de 17 pessoas em 1901. “Até hoje ninguém sabe quem mandou matar”, colocou.

Apesar das discussões, a moção de aplausos foi aprovada.
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