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18/06/2021 às 10:16

Revisão do modelo de gestão e celeridade de acordo são essenciais para reduzir inadimplência

Leiagora

A inadimplência é uma realidade que a maioria dos empresários precifica ao administrar seu negócio. Mas nem sempre a administração do crédito inadimplido é feita com perícia, o que se transforma em prejuízo financeiro.

Para o advogado Alex Cardoso, que é conselheiro de instituição financeira, especialista em gestão de crédito, risco e recuperação de crédito, a inadimplência pode ser combatida com a revisão de todo o modelo de gestão.

“O mundo dos negócios é permeado de riscos. Vender um produto ou oferecer um serviço nem sempre garante o recebimento do valor cobrado, mas existem estratégias no campo da prevenção que podem ser desenvolvidas. Uma forma é contar com o auxílio de um advogado que pode auxiliar na formalização da dívida”, explica.

Alex aponta que medidas como protesto judicial ou execução de título executivo precisam de um cuidado especial, e um problema recorrente no mundo dos negócios é a dificuldade – isso se não a impossibilidade – de caracterização desses títulos, seja por falta de formalidade ou comprovação contábil da negociação e do não adimplemento.

Se de um lado a demonstração do título executivo – que é aquela conta ou obrigação que pode ser cobrada no Poder Judiciário – pode reduzir o lucro e a saúde financeira de uma empresa, há, por outro lado, uma relativa acomodação com a inadimplência, que se manifesta com a demora de fazer a cobrança e propor um acordo.

“Muitas empresas se acostumam com certo índice de inadimplência, e isso acontece, principalmente, com aquelas que possuem alto fluxo de vendas e acabam oferecendo formas de pagamento como crediário, por exemplo. Enquanto está tudo aparentemente sob controle, esse índice de inadimplência vai sendo deixado de lado, até chegar o momento no qual o empresário precisa fazer um investimento, contratar novos serviços de tecnologia ou ampliar seu negócio e, somente aí, é que sente falta daquele valor que poderia suprir a contratação de financiamento”, ressalta o advogado.

Quando se trata de empresas da chamada “cobrança especializada”, que consiste em atacado, distribuição, indústria entre outras de valor mais agregado, o problema maior está no risco de mercado, que já é inerente a esse perfil de negócio.

“Nessas empresas muitos fatores contribuem para falhas na administração da inadimplência, principalmente, quando essas negociações levam em consideração produtos que estão mais expostos à variação cambial, ou mais sensíveis à inflação, e à lei de oferta e demanda, e dessa forma, podem ampliar os riscos próprios do negócio.”, explica o advogado.

As variáveis que regulam o mercado também são sensíveis ao nível de inadimplência – tanto entre os consumidores, quanto entre as empresas. Dados mais recentes da Serasa Experian apontam que a inadimplência dos consumidores ao final do primeiro quadrimestre de 2021 alcançava 63 milhões de brasileiros, com 213,4 milhões de dívidas negativadas, somando mais de R$ 248 bilhões.

Em Cuiabá, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Fecomércio MT, no início de junho, 33,4% das famílias cuiabanas estavam inadimplentes, isso dentro de um universo de 74,4% de famílias endividadas.

Já a quantidade de empresas que ao final do primeiro quadrimestre de 2021 estavam endividadas no Brasil era de 5,9 milhões, com mais de R$ 105 bilhões negativados.

Somando os valores negativados entre pessoas físicas e jurídicas, são R$ 353 bilhões que deixaram de circular na economia brasileira no primeiro quadrimestre de 2021.

“Considerando que estamos em um cenário de pandemia, esse é um valor substancial que poderia ser revertido em mais investimentos, geração de emprego e renda pela iniciativa privada. Pelo menos 80% desse valor estagnado poderiam ser recuperados com boa gestão dos processos administrativos, judiciais e extrajudiciais possíveis”, pontua Alex Cardoso. 

 
Da assessoria
 
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