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18/03/2022 às 10:20

Disney afasta animações da Pixar dos cinemas e vira alvo de críticas

Metrópoles

A Disney é conhecida mundialmente por seus filmes de animação que costumam encantar o público de todas as idades. Adaptando-se ao novo contexto da indústria, o tradicional estúdio lançou o Disney+, que chegou ao Brasil em meio à pandemia da Covid-19. Durante o período de isolamento social, os novos filmes da empresa (e das marcas anexadas, como Marvel, Pixar, Star Wars e National Geographic) estrearam no streaming. Porém, começou a reabertura e… veio a polêmica.

Com a volta dos cinemas, o esperado era que a produtora voltasse a lançar suas produções primeiramente nos cinemas e, somente depois, no streaming. O que aconteceu, no entanto, foi uma divergência de lançamentos das produções da Disney e da Pixar. Vale lembrar que o estúdio responsável por clássicos como Toy Story foi comprado pela Disney em 2012, mas segue produzindo seus filmes de forma independente do Walt Disney Animation Studios.

Vamos para a polêmica: as últimas três animações de sucesso lançadas pela Disney foram para o cinema, com destaque suficiente para indicações ao Oscar 2022. Somente no ano passado, a empresa lançou Raya e o Último Dragão, Ron Bugado e Encanto. Tanto Raya como Encanto concorrem à estatueta de Melhor Animação.

Em contrapartida, a Pixar também lançou três animações: Soul (2020), Luca (2021) e Red: Crescer é uma Fera (2022). Acontece que nenhuma dessas obras foi para os cinemas, tendo seus lançamentos apenas na plataforma de streaming da Disney. E mesmo que não tenha ido aos cinemas, Luca também disputa Melhor Animação no Oscar.

“Dado o atraso da recuperação de bilheteria, particularmente para os filmes familiares, a flexibilidade se mantém no núcleo de nossas decisões de distribuição enquanto priorizamos entregar conteúdos incomparáveis da The Walt Disney Company para as audiências ao redor do mundo”, disse a Disney, em nota, para justificar o lançamento de Red apenas no streaming.

Paulo Duro Moraes, coordenador do curso de Cinema e Mídias Digitais do Centro Universitário IESB, ponderou que a Pixar tem produzido filmes de animação voltados para o público adulto e, por isso, é viável que as estreias sejam feitas no streaming.

“A Pixar [está] cada vez mais [puxando] para os filmes de animação para adultos. Eles estão definindo nichos. Você tirar um adulto [de casa] para assistir uma animação no cinema é muito difícil, o adulto geralmente assiste animação por conta da criança. Eles estão produzindo filmes para os adultos, ele não vai sair [de casa] para ver a animação”, explica.

Paulo ainda afirmou que os cinemas não vão deixar de existir, mas que será cada vez mais comuns estreias simultâneas nas telonas e nos streamings: “A pandemia foi um catalisador. A Covid veio [para] acelerar o processo. O cinema não vai deixar de ter estreias, como Batman, por exemplo. Vai pro cinema, pouco tempo depois vai pro streaming.”

Polêmica

O lançamento de Red: Crescer é uma Fera vem causando polêmica para a gigante do entretenimento. Em conversa com o portal Insider, um dos animadores, que manteve anonimato, relatou decepção com a decisão da Disney de não lançar o longa nos cinemas.

“É seguro dizer que estamos todos nos sentindo extremamente decepcionados. Até hoje, todos nós pensávamos que Red – Crescer é uma Fera seria nosso retorno para a telona, e todo mundo no estúdio estava tão animado para esse filme, em particular. Foi um golpe”, alegou.

Outro funcionário da empresa também admite ter ficado “chocado” com a decisão do grupo, que não foi anunciada previamente para os colabores da marca. Ainda assim, ele diz entender os motivos pelo qual a decisão foi tomada: “É uma merda, mas eu entendo”.

Além disso, uma outra polêmica toma conta dos estúdios Disney: os funcionários da Pixar afirmaram que os executivos da gigante dos filmes exigem a censura de cenas de afeto entre os personagens LGBTQIA+. A revelação foi feita por meio de uma carta aberta, divulgada por diversos veículos internacionais.

No documento, os profissionais da Disney afirmam que foram exigidos cortes de “quase todos os momentos de afeto abertamente gays, a despeito de protestos dos times criativos e da liderança da Pixar”.
 
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