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24/03/2022 às 08:39 | Atualizada: 24/03/2022 às 08:48

Acomodar Pivetta reduz margem para Mendes negociar composição com Neri e Wellington

Jardel P. Arruda

O ex-governador Júlio Campos (União) avalia que a vontade do governador Mauro Mendes (União) em manter o vice-governador Otaviano Pivetta (sem partido) na chapa majoritária, em uma eventual candidatura à reeleição, reduz a margem para negociar uma composição com condição de reunir o deputado federal Neri Geller (PP) e o senador Wellington Fagundes (PL) no mesmo palanque.

A análise foi feita a pedido da imprensa, após o deputado federal e presidente regional do MDB, Carlos Bezerra, ter dito que Mauro Mendes precisa de muita sapiência para evitar um racha no grupo político em decorrência da indefinição de quem o governador vai apoiar ao Senado, Neri ou Fagundes.

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“O ideal era acomodar Wellington e Neri no mesmo bloco, na mesma chapa majoritária, mas como já tem o Pivetta, que falou que não quer ser - mas até agora não confirmou que não vai ser - então não tem muita margem para manobra. Tem que ter muita habilidade para dialogar, são duas candidaturas fortes ao Senado Federal”, avaliou Júlio Campos, na terça-feira (22), no Palácio Paiaguás, após reunião com alguns membros da cúpula do União Brasil em Mato Grosso. 

A declaração de Júlio leva em conta o fato de Otaviano Pivetta ainda não ter anunciado qual será seu projeto político em 2022 e, por uma questão de lealdade, ter a preferência de Mauro, caso este seja candidato à reeleição, ser novamente candidato a vice-governador. Pivetta já demonstrou interesse em ser candidato ao Senado, assim como já disse estar disposto a reeditar a dobradinha com o governador.

Com isso, Pivetta ocupa pelo menos um das três principais posições estratégicas para negociar composição eleitoral. Enquanto Mauro ocupa a posição cabeça de chapa como governador, “sobram” as posições de senador em primeiro plano, vice-governador em segundo, e as suplentes de Senado em terceiro e quarto plano.

Não queria estar na pele dele

“O grupo do Neri é muito forte, muitos partidos e o Wellington com a força do Bolsonaro, do PL. É muito difícil, eu não queria estar na pele dele”, resumiu Júlio Campos ao analisar a situação em que Mauro Mendes está, ao ter que decidir entre um e outro.

O apoio de Mauro Mendes ao deputado Neri era dado como certo dentro dos partidos que compõem a base aliada de Mauro Mendes, contudo, o governador realizou reuniões com o presidente nacional do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, e nos bastidores especula-se um acordo para Wellington ser o escolhido em troca de um apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição do governador.

Aliado de Mauro desde o início do mandato, em 2019, Neri Geller trabalha para viabilizar candidatura dentro da base aliada desde o fim das eleições suplementares de 2020, quando Carlos Fávaro (PSD), outro aliado da gestão, foi escolhido como candidato do grupo e eleito senador. De lá para cá, Neri garantiu o apoio do MDB, PSD e, mais recentemente, do PSB, todos partidos de sustentação da gestão de Mauro.

Do outro lado está o senador Wellington Fagundes, que foi adversário direto de Mauro Mendes nas eleições ao Governo do Estado em 2018, ficando em segundo lugar na disputa, mas que sempre teve um discurso conciliador e atualmente conta com apoio do presidente Jair Bolsonaro. O presidenciável possui alta popularidade em Mato Grosso e pode transferir votos a qual candidato apoiar.
 
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