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31/07/2022 às 12:15

Desembargadora conta como venceu resistência machista no início da carreira no TJ

Débora Siqueira

A presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), desembargadora Maria Helena Póvoas, disse durante entrevista no Agora na Conti, que mesmo após ter presidido a Ordem dos Advogados do Brasil seccional de Mato Grosso (OAB-MT), e ter sido indicada à vaga de desembargadora no Tribunal, sofreu resistência por ser mulher.
 
“No Tribunal, sim. Na OAB, não. Eu percebi em coisas pequenas, não posso dizer que é a grande maioria, pelo contrário, senão não seria presidente com voto de parcela expressiva dos homens. No dia que eu tomei posse, eu ouvi o comentário de alguém que hoje nem está mais no Tribunal, já se aposentou, mas ele não viu que eu estava logo atrás dele, e comentou com outro colega: 'não sei o que mulher quer com o tribunal, lugar de mulher é na cozinha!' Eu bati nas costas dele e disse: 'vai passar rápido, são só 23 anos que eu vou ficar aqui'”, relembrou a desembargadora.
 
Por outro lado, antes de presidir a OAB, Maria Helena conta que ela foi chamada por um grupo exclusivamente de homens, que em comitiva, convidaram-na para se candidatar à presidência da Ordem. Ela já via atuado como conselheira e como diretora da entidade.
 
“Deixei fluir minhas habilidades políticas, de política classista e fui à eleição e tive 80% dos votos. Tenho honra e presido o TJ pelo voto dos meus colegas. Antigamente a regra do jogo era o rodízio, como no Supremo, eu fui na disputa”.
 
Mulher na política
 
Exemplo de sucesso para as mulheres, a desembargadora destaca que para a mulher ocupar espaços de poder, também no campo político, precisa ter vocação, ter interesse e não apenas para cumprir tabela, como no caso, da cota partidária.
 
“Minha mãe cansou de me colocar em aula de piano, não deu para nada, porque você tem que ser vocacionado para alguma coisa, você tem que gostar daquilo e se aí quase que uma atração que te leva para aquilo. No momento que a mulher é atraída para a política partidária, política sindical, ela vai às discussões”.
 
Um dos caminhos é aproximar dos partidos políticos, associações, sindicatos e entidades que discutem a política de forma geral. A desembargadora afirma que não há incentivo a isso e não questão de desinteresse.  
 
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