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09/08/2022 às 17:34

Produtores ampliam uso do calcário e produção agrícola no Cerrado registra crescimento consecutivo

Rodrigo Maciel Meloni

Milho, soja, gado, algodão. Quando se fala em agronegócio, estas talvez sejam as primeiras palavras das quais nos lembramos. Mas sem o calcário, a agricultura e a pecuária no cerrado estariam fadadas ao fracasso.

“Mato Grosso responde por quase 20% da produção brasileira de calcário. Em 2020, foram quase 11 milhões de toneladas. A produção vem aumentando significativamente nos últimos anos, acompanhando o ritmo da demanda e, também, a assimilação de pesquisas científicas sobre os benefícios do uso regular do insumo em doses mais adequadas aos solos ácidos do Cerrado”, diz Kassiano Riedi, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Calcário de Mato Grosso (Sinecal-MT).

O estado, que em 1990 produziu pouco mais de 620 mil toneladas de calcário, viu sua produção aumentar gradativamente até 2010, quando a produção chegou a 3,5 milhões. Nos últimos 10 anos, a produção de calcário deu um salto gigantesco e chegou a quase 10 milhões de toneladas.

O seu uso em grande escala ajudou Mato Grosso a se tornar o maior produtor de cereais, leguminosas e oleaginosas do país, com destaque para o cultivo de soja, o principal produto de exportação do Brasil, o milho e o algodão.

Colhemos 34 milhões de toneladas de milho. O valor de produção do algodão se aproximou dos R$ 13 bilhões e continuamos como o maior produtor nacional de soja.

Insumo básico na base da produtividade, é também um dos mais acessíveis aos produtores rurais, seja na agricultura ou na pecuária, viu sua popularização aumentar com a democratização da técnica de calagem, que possibilita desenvolver a agropecuária em biomas com o solo ácido, assegurando o aumento do potencial produtivo e lucrativo das lavouras.  

Segundo o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal), Euclides Francisco Jutkoski, o consumo de calcário agrícola cresceu quase 15% no comparativo do último ano. “Aproximadamente 52 milhões de toneladas de calcário foram aplicadas no Brasil, no ano passado. A estimativa é que esse número salte para 59 milhões esse ano; contudo, o consumo deveria ser de pelo menos 70 milhões, o que garantiria produtividade em larga escala ao agronegócio brasileiro”.

O aumento da produção agropecuária está intimamente ligado ao uso do calcário agrícola, pois sua adoção para correção da acidez do solo é fundamental em países tropicais, como o Brasil, explica Euclides.

Calcário, o fertilizante sustentável

Apesar de não substituir o fertilizante, o calcário potencializa os resultados da adubação. Sustentável, garante aos solos corrigidos a produção de mais massa vegetal e raízes, elevando a atividade microbiana, proporcionando maior capacidade de infiltração e retenção de água.

Quanto ao preço, o calcário tem se tornado um substituto aos fertilizantes, que com a guerra da Ucrânia registram aumentos quase semanais. “O valor investido em uma tonelada de fertilizantes, entre as fórmulas mais comuns, é bem superior ao custo da tonelada de calcário, e o fertilizante é comprado em dólar, já calcário você paga em real, então tem sido uma opção mais barato, pois com a guerra o preço dos fertilizantes subiu muito”, conta o produtor rural Rodrigo Pozzobon.

José Lazarini também é produtor rural. “O preço dos fertilizantes triplicou esse ano, então o uso do calcário, que já mostrava uma série de benefícios, agora apresenta mais um, o de ser um insumo mais barato e acessível”.
 
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