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18/08/2022 às 17:43 | Atualizada: 18/08/2022 às 21:40

Análise constata deficiência de compactação nas obras da Águas Cuiabá e empresa contesta

Paulo Henrique Fanaia

A análise laboratorial realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Águas Cuiabá constatou deficiência em todos os graus de compactação de pavimentação asfáltica nos seis pontos coletados nos bairros de Cuiabá. O relatório foi apresentado na tarde desta quinta-feira (18), na Câmara de Vereadores.

A coleta dos materiais foi realizada nos dias 4 e 5 de julho nos bairros Rodoviária Parque, Alvorada e Boa Esperança. O relatório foi lido pelo presidente da comissão, o vereador Diego Guimarães (Republicanos).

De acordo com a documento, não houve um controle tecnológico adequado dos serviços de compactação, o que demonstrou que as obras estão em desacordo com as normas e especificações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT).
 
“Portanto, de acordo com os resultados obtidos por esta consultoria, entende-se que não houve um controle tecnológico adequado dos serviços de compactação, tornando insatisfatórios os resultados do grau de compactação para as camadas de base (BGS), sub-base e subleito nas obras de responsabilidade da Concessionária Águas Cuiabá S.A., o que compromete a estrutura do pavimento e afeta vida útil”, diz trecho do relatório feito pela empresa Engenho Projetos e Construções.
 
A Águas Cuiabá já apresentou a resposta ao laudo técnico e, na reunião desta quinta-feira (18), mas a comissão concedeu mais cinco dias caso a empresa queira complementar a resposta já protocolada.
 
O que diz a Águas Cuiabá
 
O diretor presidente da Águas Cuiabá, William Figueiredo, esteve presente na reunião e demonstrou quais serão os métodos utilizados para contestar a análise laboratorial. De acordo com ele, a análise foi feita se baseando nas normas do DNIT, que são vinculadas a estradas e recuperação de rodovias, o que não deve ser aplicado em uma cidade centenária como Cuiabá.
 
“Uma cidade como Cuiabá, com mais de 300 anos, tem muita interferência como o sistema de drenagem, telefonia, que são grandes desafios não só para Cuiabá como no Brasil inteiro. Pegamos um ano com muita chuva e com uma particularidade, o lençol freático de Cuiabá é oscilante com tempo seco e com o período chuvoso que sobe muito rápido e dificulta a execução dos trabalhos”, disse William Figueiredo.
 
Outro ponto ressaltado pelo presidente da concessionária foi o de que apenas seis pontos da Capital foram objeto de análise laboratorial. De acordo com Figueiredo, a Águas Cuiabá já realizou quase 500 km de obras de rede de esgoto na cidade, portanto, os problemas constatados foram pontuais e não fazem parte de um todo.
 
“Desde 2017 implantamos quase 500 km de rede de esgoto, isso é uma distância considerável. Tudo aquilo que estava no relatório já foi reparado. Foram seis pontos dentro de quase 500 km de rede de esgoto. O percentual onde houve esses problemas é pontual e não representa um todo que já estava no cronograma da Águas Cuiabá”, argumentou.
 
Questionamentos da comissão
 
O vereador Diego Guimarães, por outro lado, questionou os arumentos da empresa e ressaltou que os defeitos se repetiram em todas as amostras coletada, algo que já foi até mesmo admitido pela concessionária. Ele reconhece a importância das obras de reparo feitos pela empresa, porém lembra que elas devem ser feitas com qualidade, haja vista que quem paga por todo este serviço é o cidadão cuiabano.
 
O parlamentar ainda reforçou que o sistema de rede de esgoto pode até funcionando, mas as obras da concessionária não se resumem apenas a isso. Para Diego, a Águas Cuiabá precisa levar em conta a qualidade do asfalto que é perfurado e arrumado e que os problemas devem ser exceção e não uma regra.
 
“Uma obra que não esteja atendendo os padrões não pode ser recebida, o problema tem que ser exceção e não regra e o que vimos aqui não foi exceção. O percentual de problemas e recalques foi muito acima do esperado e tenho certeza que assustou até a concessionária”, disse Diego.
 
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