23/10/2022 às 19:50 | Atualizada: 23/10/2022 às 20:06
Presidente do TJ critica declarações de Roberto Jefferson e diz que reflete ‘cultura machista’
Alline Marques
A presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Maria Helena Gargaglione Póvoas, emitiu nota de repúdio às declarações do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que xingou a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia. Apesar de durante todo o dia o ex-parlamentar ter ocupado as manchetes por ter atirado contra a Polícia Federal, a nota emitida pela magistrada, publicada na noite deste domingo (23), não trata do assunto.
Por outro lado, a desembargadora destaca a "cultura machista" em que críticas às mulheres acabam gerando ofensas de gêneros. "Ainda assim, sua defesa se faz necessária, visto que as ofensas à ministra atingem todas as mulheres brasileiras, na medida em que refletem a cultura machista deste país, onde a crítica ao exercício profissional de uma mulher ultrapassa as barreiras da civilidade e chega à barbárie de ofendê-la em razão de seu gênero", diz trecho da nota.
A magistrada ressalta ainda que as ofensas à ministra afetam todas as mulheres e considera como um comportamento inaceitável, principalmente, por ser um ex-deputado que já representou a sociedade.
Confira a íntegra da nota
O Poder Judiciário de Mato Grosso manifesta total repúdio às declarações do ex-deputado federal Roberto Jefferson que, inconformado com uma decisão judicial, atacou de forma vil e com palavras de baixo calão a honra da ministra do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, Carmem Lúcia Antunes Rocha.
A jurista, professora e magistrada Carmem Lúcia tem uma ilibada história profissional, cuja reputação a credencia para pairar acima de ataques chulos como o engendrado pelo ex-deputado. Ainda assim, sua defesa se faz necessária, visto que as ofensas à ministra atingem todas as mulheres brasileiras, na medida em que refletem a cultura machista deste país, onde a crítica ao exercício profissional de uma mulher ultrapassa as barreiras da civilidade e chega à barbárie de ofendê-la em razão de seu gênero.
Não se admite, em nenhuma hipótese, comportamentos como este, ainda mais vindo de um advogado e ex-deputado, que chegou a representar o interesse dos cidadãos brasileiros no Congresso Nacional.
Maria Helena Gargaglione Póvoas
Presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso
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