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12/05/2023 às 18:58 | Atualizada: 12/05/2023 às 19:06

Vídeos | Dia a dia da Imigrantes é de lentidão e risco constante de atropelamentos

Jardel P. Arruda

“É sempre desse jeito. E com muito acidente, direto acontece”, diz Leniel Nei, gerente do Posto Free da Rodovia dos Imigrantes, no bairro São Matheus,  em Várzea Grande, enquanto aponta para o trânsito lento, formado majoritariamente por caminhões, na manhã desta sexta-feira (12).

Enquanto ele falava isso, a fila de veículos aumentava, devido ao movimento de  entrada e saída de bairros dos dois lados da rodovia. A situação piora um pouco quando alguém decide usar o cruzamento da Imigrantes com a Avenida Filinto Müller como espaço para fazer o retorno.

E, ao mesmo tempo, um grupo de estudantes do Ensino Médio se preparava para atravessar a rodovia para sair do São Matheus e ir até a Escola Estadual Professora Elizabeth Maria Bastos Mineiro, no Jardim Eldorado. 

Detalhe: no local não há faixa de pedestres, nem um tempo no qual o semáforo fica fechado para todos os veículos. Então, as pessoas usam aquele momento necessário para o arranque dos carros para conseguir atravessar.

 
“É todo dia assim. A gente conta com Deus, porque faixa não tem”, disse Joscimar Alves, de 17 anos, estudante da Escola Professora Elizabeth. “Para mim, isso já é normal. A gente tá acostumada”, complementa Anna Rodrigues, de 16 anos, sobre enfrentar a travessia no local todos os dias para ir estudar.



Trajeto curto, mas longo

A Rodovia dos Imigrantes tem 29 quilômetros, entre o Distrito Industrial, em Cuiabá, e o o Trevo do Lagarto, em Várzea Grande. A distância poderia ser percorrida em pouco mais de meia hora, visto que o trajeto tem velocidade máxima na maior parte dos trechos de 60 km/h. Porém o percurso acaba levando cerca de duas horas em um dia bom, mas pode chegar a seis horas em dias ruins.

“Hoje foram duas horas para passar a ponte. Ontem foi uma. Aquela ponte balança tudo. Às vezes, tem dia que flui bem, tem dia que é um inferno. Você gasta quatro, cinco horas para atravessar esse Cuiabá”, Valdir da Silva, motorista de caminhão acostumado com o trajeto.

O relato é unanimidade. “Demais. De Cuiabá para cá, menos de 30 quilômetros, que precisa de 4 horas para atravessar. E se dá acidente, aí que complica tudo, leva cinco, seis horas”, Willian Viana, outro motorista abordado pela reportagem.

Ruim com eles, pior sem

Mas se os caminhões causam trânsito pesado, os comerciantes locais acreditam que criar outra alternativa de rota prejudicaria a economia local. 

“Daí cai. Aqui, praticamente todo comércio depende dos caminhões. É borracharia, loja de pneu, mercado. Aqui, de 100%, 80% é caminhão”, comenta Nei Leniel. “Sem caminhão, a minha borracharia fecha. É isso, não dá para tirar daqui, tem que duplicar”, disse João, que preferiu se identificar apenas assim e possui uma borracharia logo na entrada do bairro São Matheus.



A polêmica é por conta da possibilidade de ser construído um Contorno Norte, ligando o Distrito Industrial à BR-163, sem a necessidade de passar pelo perímetro urbano de Várzea Grande. Isso reduziria drasticamente o movimento de caminhões na Rodovia dos Imigrantes, que atualmente tem o comércio voltado para esses veículos.

Políticos do município têm defendido a duplicação junto com as obras de revitalização, com viadutos nas travessias urbanas, passarelas para os pedestres, vários retornos e ciclofaixas. A Nova Rota do Oeste irá produzir um estudo preliminar e apresentará um o resultado em 30 dias, quando também deve levar o caso para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

O projeto que já existe aprovado pela ANTT prevê a duplicação, mas não viadutos e retornos e, por isso, deve ser substituído.
 
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