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22/06/2023 às 07:48

Naco arquiva procedimento contra Cattani por não encontrar elementos que indicam crime

Eduarda Fernandes

O Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco) do Ministério Público do Estado de Mato Grosso arquivou, nessa quarta-feira (21), a Notícia de Fato instaurada para apurar, no âmbito criminal, possível prática de “discriminação contra mulheres e/ou por desobediência aos deveres inscritos na Constituição do Estado”, que teria sido cometida pelo deputado estadual Gilberto Cattani.

O MP não encontrou elementos suficientes para indicar a ocorrência de fato criminoso em relação às falas proferidas pelo parlamentar.

Cattani comparou a gestação das mulheres com a de vacas e depois gravou um vídeo no qual pediu desculpa aos animais por compará-los com as mulheres.


“Analisando detidamente o presente feito, assim como a documentação acostada, verifica-se que a conduta perpetrada pelo Deputado Estadual Gilberto Cattani, não obstante altamente reprovável, não é passível de responsabilização na esfera criminal”, ressaltou o coordenador do Naco, promotor de Justiça Marcos Regenold Fernandes.

Ele argumenta que “a conduta adotada pelo parlamentar, muito embora seja repulsiva, não traduz a ocorrência de crime. Isto porque, a utilização de termos, expressões e comportamentos que sinalizam desprezo pelo gênero feminino, por si só, infelizmente ainda não encontram tipificação penal no ordenamento jurídico nacional”, acrescentou.

Conforme a análise do promotor de Justiça, as falas do deputado Gilberto Cattani traduzem-se em misoginia, mas não se enquadram nos elementos do tipo elencados na Lei nº 7.716/89 e também não se coadunam com os delitos tipificados no Código Penal.

O promotor de Justiça esclarece, no entanto, que a ausência da tipificação penal não implica em vedação de punição do parlamentar nas esferas administrativa, cível e política. Existe um outro procedimento, sob a análise da 25ª Promotoria Cível da Capital, que apura as consequências cíveis dos atos em questão.

A Notícia de Fato foi instaurada no âmbito criminal após representação formalizada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional de Mato Grosso, e pela Comissão de Mulheres Advogadas.

Processo Ético Disciplinar

Nessa quarta-feira (21), o
 corregedor da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado estadual Max Russi (PSB), acolheu pedido de representação para instauração de processo ético disciplinar contra Cattani da Comissão de Ética. Com isso, abre-se agora o prazo para iniciar oitivas com acusação e defesa. 

Essa representação leva em conta as mesmas denúncias protocolizadas pela Defensoria Púbica e pela Comissão de Mulher Advogada da OAB-MT, por quatro manifestações do parlamentar do Partido Liberal que podem vir a ser consideradas quebra de decoro, todas elas envolvendo comparação de mulheres com vacas.
 
 
 
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