Exoneração na Seaf gera dúvidas dentro do MDB: retaliação contra Janaina ou contra candidatura do partido em Cuiabá?
Kamila Arruda
A exoneração dos cinco servidores estaduais ligados ao MDB gerou especulações dentro do partido: estaria o governador Mauro Mendes (União) fazendo retaliações a Janaina Riva, ou pelo fato do MDB Municipal não apoiar a pré-candidatura de Eduardo Botelho (União) e ter lançado um nome para disputar a prefeitura de Cuiabá? Os questionamentos foram feitos por Francisco Faiad durante entrevista concedida ao Jornal da Cultura nesta quinta-feira (25).
“Foi uma surpresa essa reação do Mauro Mendes com relação a Seaf ao exonerar o Luluca, adjuntos e assessores. Até agora não entendemos qual foi a motivação política desse fato, e aí surgem hipóteses que começam a ser estudadas dentro do partido.
"Uma retaliação a uma entrevista concedida pelo José Riva? Como não houve conversa prévia com o MDB e não houve chamamento das lideranças estaduais para comunicar esta ação, há dúvidas com relação a motivação que podem ser reais ou não”, afirmou Faiad.
No fim da tarde de terça-feira (23), foi publicada uma edição extra do Diário Oficial contendo a exoneração de cinco servidores estaduais ligados à Janaina. Entre eles estão: o secretário de Agricultura Familiar Luluca Ribeiro, que assumiu o comando da pasta em fevereiro deste ano; o secretário adjunto de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural, Clóvis Figueiredo Cardoso; o secretário adjunto de Administração Sistêmica, Talvany Neiverth; a chefe de gabinete Aline Emanuelle Rosendo; e o assessor jurídico Ricardo Antônio de Lamonica Israfel Pereira.
Por meio de nota, Mauro Mendes argumentou que a medida tem como objetivo fazer uma correção de gestão. No entanto, elas acontecem uma semana depois de José Riva ter anunciado que Janaina pode ir para oposição caso não seja escolhida como primeira-secretária da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa para o próximo biênio. A ameaça foi feita em entrevista ao PodOlhar na semana passada.
Justificativa do Governo
O Governo do Estado garante que a exoneração dos servidores não tem ligações políticas com a entrevista concedida por José Riva, mas é um reflexo de uma investigação instaurada pela Controladoria Geral do Estado (CGE), a qual aponta irregularidades na gestão da pasta.
O procedimento foi aberto após denúncia relacionada a um processo de compra de kits agrícolas (máquinas e equipamentos) feito pela secretaria. A compra teria sido feita por meio de recursos originários de emendas parlamentares.
Durante a entrevista Faiad disse que vê com estranheza essa justificativa, pois, segundo ele, essas investigações não são divulgadas até que exista algo concreto. Ele ainda compara a situação destes servidores com as denúncias de corrupção que pairam sobre a Secretaria Estadual de Saúde.
“É engraçado que essas ações acontecem sem aviso prévio, mas nesse caso teve divulgação. Pairam dúvidas sobre contratos da SES que até já foi objeto de ação penal da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, mas nem por isso o secretário Gilberto Figueiredo foi afastado pelo governador quando houve a denúncia de que uma adjunta estaria envolvida em atos ilícitos. Não houve ação do governo em relação a isso. Esse é o maior ponto de interrogação que o MDB carrega”, diz Faiad.
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