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31/08/2018 às 13:06

PIB do agro ainda pode fechar o ano com alta de 0,2%

Redação Leiagora

O Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária ainda pode encerrar 2018 perto da estabilidade, com ligeira elevação entre 0,1% e 0,2%, apesar do recuo de 1,6% acumulado no primeiro semestre, projeta a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).

No entanto, o diretor executivo da entidade, Luiz Cornacchioni, alerta que a taxa de investimento é o ponto de maior preocupação para o País como um todo. "Especificamente na agropecuária o investimento tende a ser comprometido pelo aumento de custos causado pelo tabelamento de fretes rodoviários", disse ao Broadcast Agro, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Para o executivo, a greve dos caminhoneiros, entre o fim de maio e o início de junho, foi um fator negativo pontual e a capacidade produtiva do setor não ficou totalmente comprometida.

Desta forma, a estabilidade para o PIB agropecuário do segundo trimestre, ante os três primeiros meses do ano, apontada nesta manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), refletiu a sazonalidade das culturas. Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, houve queda de 0,4%.

"Temos potencial para entregar mais que isso, mas 2017 foi um ano em que todos os fatores convergiram para resultados muito elevados", argumenta. A quebra na safra de culturas importantes para a formação do PIB foi um dos fatores de atenção. O milho, que corresponde a 11% do indicador setorial, marcou recuo de 16,7% na produtividade do segundo trimestre de 2018, na variação anual.

A soja, que representa 37% do indicador, teve ganhos de apenas 1,2% nos rendimentos de 2017/18. Fretes Medida pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), a taxa de investimento do segundo trimestre chegou a 16% do PIB nacional, patamar 27% abaixo do ponto máximo alcançado no 3º trimestre de 2013 e motivo de preocupação.

"Um País do tamanho do nosso em termos de geração de riquezas está com um índice de investimento muito abaixo do que precisa para crescer no médio e longo prazo", afirma Cornacchioni. O representante da Abag acredita que a tabela de preços mínimos do frete rodoviário foi a maior consequência da greve dos caminhoneiros e mais nociva que as perdas diretas que ocorreram durante o período em que as cargas estavam paradas nas estradas.

"O tabelamento está trazendo custos que vão se refletir no desempenho geral do setor no ano. Não é o caso de puxar uma queda para o PIB, mas reduz as margens do produtor e a capacidade de investimento", diz. No momento atual, em que os agricultores se preparam para o plantio da temporada 2018/19, a incerteza sobre os preços de fretes gerou atrasos e despesas nas entregas de fertilizantes e defensivos, que, segundo Cornacchioni, podem fazer com que o agricultor deixe de aplicar em maquinário e tecnologia na lavoura. "O produtor vai dar preferência para colocar dinheiro na operação."

Direto de São Paulo, Nayara Figueiredo - Estadão Conteúdo

 
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