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28/09/2018 às 17:00

Inpe usa tecnologia de ponta para monitorar desmatamento e incêndios florestais no Cerrado

Redação Leiagora

Os sistemas de sensoriamento remoto são importantes aliados das políticas de preservação e conservação do Cerrado. Para os cientistas, além do controle do desmatamento, os dados coletados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) permitem monitorar queimadas e incêndios florestais e estimar a emissão de gases de efeito estufa. O Cerrado abrange mais de 2 milhões de quilômetros quadrados e corresponde a 24% do território nacional.

Para realizar esse monitoramento do Cerrado, o Inpe conta com os sistemas Prodes, Deter e TerraBrasilis. Para a coordenadora-geral de Biomas do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Andrea Portela, os dados científicos coletados por essas tecnologias são usados na construção das políticas públicas de preservação do Cerrado.

?Esse projeto é muito importante porque avançou não só no desmatamento do Cerrado, mas na geração de outros dados que são extremamente importantes. É um conjunto de dados que, além dos dados oficiais do Prodes, são igualmente importantes para a preservação do bioma?, afirmou Portela, que participou nesta quinta-feira (27) de workshop promovido pelo MCTIC para apresentar as ferramentas tecnológicas do Projeto Monitoramento do Cerrado.

A iniciativa é financiada pelo Banco Mundial, através do Programa de Investimento Florestal (FIP, na sigla em inglês) e coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). As pesquisas são desenvolvidas conjuntamente pelo Inpe, pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O MCTIC e a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) da UFMG são os gestores do projeto.

Na página do Projeto Monitoramento do Cerrado, é possível ter acesso aos gráficos sobre o desmatamento no bioma. Também é possível conferir um mapa interativo com imagens de polígonos de áreas com retirada de cobertura florestal.

?O Cerrado é um bioma extremamente importante pela sua relevância para o clima, a hidrologia e a sua biodiversidade. Com esses dados, certamente teremos ações mais assertivas no combate ao desmatamento. Esses dados vão ajudar os órgãos de fiscalização a garantirem o uso sustentável do bioma?, disse o diretor de Florestas e de Combate ao Desmatamento do MMA, Jair Schmitt.

Comparação temporal

No âmbito do projeto, a equipe do Inpe produziu mapas para comparar o avanço da retirada da cobertura vegetal do Cerrado desde 2000, com base em informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Serviço Florestal Brasileiro. Esses mapas serão comparados com imagens de satélites mais recentes para avaliar a degradação da vegetação, por meio do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter).

Para o coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Inpe, Dalton Valeriano, o levantamento dessas informações ajuda a compreender a lógica de retirada da vegetação no Cerrado e traçar estratégias para garantir a preservação de áreas de mata virgem e de áreas de nascentes de grandes bacias hidrográficas, por exemplo.

?O que percebemos é que a degradação da vegetação se expandiu para a parte norte do Cerrado desde 2010, mas ainda existem corredores de vegetação nativa que devemos preservar. O bioma também concentra áreas críticas com nascentes de grandes bacias hidrográficas. Hoje, sabemos quais são essas áreas e o nível de desmatamento delas, por conta dessas informações que coletamos. Assim, podemos atuar para preservar as nascentes e os rios?, ressaltou Valeriano.

Em junho passado, o MCTIC e o MMA divulgaram que o desmatamento no Cerrado caiu 38% em 2017 na comparação com 2015, último ano em que havia sido registrada a retirada de cobertura vegetal do bioma. O levantamento feito pelo Inpe é parte do Prodes Cerrado, com base em 118 imagens produzidas pelo Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers-4) e pelo Landsat-8.

O levantamento do Inpe também mostrou que o Brasil superou a meta de redução de 40% de desflorestamento nessa região até 2020, ao alcançar uma queda de 53% na comparação com a média observada entre 1999 e 2008. O objetivo foi estabelecido pela Política Nacional de Mudança do Clima.

Produção nacional

As informações geradas pelo Deter são diárias e serão utilizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Ibama) para fiscalizar áreas de desflorestamento ilegal. Isso será possível graças às imagens produzidas pela câmera WFI instalada no Cbers-4, produzida com tecnologia 100% brasileira.

Segundo o coordenador do Programa de Monitoramento Ambiental dos Biomas Brasileiros do Inpe, Cláudio Almeida, o Brasil tem posição de destaque no monitoramento de biomas em nível global. ?É uma câmera brasileira, embarcada em um satélite produzido pelo Brasil e pela China, e que presta um serviço relevante para nosso país. Isso mostra a capacidade do Brasil em ter o ciclo completo do desenvolvimento da área espacial. Conseguimos produzir satélites, desenvolver sistemas e equipamentos, operar esse artefato e trabalhar com os dados gerados. Pouquíssimos países no mundo têm essa capacidade e é motivo de muito orgulho que possamos trilhar esse caminho. Com essa tecnologia, já monitoramos a Amazônia e o Cerrado e, em breve, avançaremos para os outros biomas do país.?

Direto do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações

 
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