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29/04/2019 às 11:24 | Atualizada: 29/04/2019 às 14:34

Bebês estão morrendo em Mato Grosso por falta de UTIs

Fernanda Leite

Em menos de 10 dias, três casos de mortes de bebês foram registrados por falta de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica em Mato Grosso. O primeiro caso foi da pequena indígena Milena Kaiabi, que morreu após esperar 15 dias por leito de UTI neonatal na rede pública. Ela estava com suspeita de meningite. A recém-nascida morreu no último dia 23. Ela é da etnia Kaiabi, do Parque Nacional do Xingu.

O segundo caso registado foi da pequena Isis Emanuelly Cardoso, de apenas 1 ano, moradora de Sinop.  Ela faleceu no sábado (27), após esperar por mais de 48 horas por  uma vaga de UTI.

O Defensor Público, Gustavo Dias, que entrou na Justiça pedindo uma vaga a pequena Emanuelly, reclamou que a cidade de Sinop está com déficit de leitos de UTI pediátrica.

“Mais um caso trágico de morte de uma criança que precisava de uma UTI pediátrica. Ela deu entrada na UPA 24h em Sinop, com tosse seca, febre, problemas respiratórios e o quadro dela se agravou. Foi entubada, mas estava com dificuldades de sedação. Então, ficou cada vez mais grave o caso dela. A gente distribuiu a ação pedindo uma vaga, mas não houve tempo e ela faleceu devido a uma parada cardíaca”, narrou o defensor.

Ainda, “os profissionais fazem de tudo para salvar vidas, mas a UPA não tem tecnologia para pessoas que precisam de uma atenção intensiva e mais uma criança morre por falta de vaga ou de transferência imediata”, criticou.

No domingo (28), outro caso foi registrado. Enzo Gabriel Onofre Vivian, de apenas 28 dias, morreu no Hospital Municipal de Jaciara, à espera de um leito. O bebê morreu após cinco paradas cardíacas.

Neste último caso, a mãe do pequeno Enzo teria tentado agredir a médica que estava de plantão no hospital. Já a família, acusou a médica de negligência. Ambos prestaram queixa na polícia e o caso será investigado.  

Nota da Secretaria Estadual de Saúde

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) reconhece que há déficit de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Mato Grosso, não somente na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), como também na rede de saúde particular; sendo esse um problema nacional e não específico apenas de Mato Grosso.

O órgão estadual ainda enfatiza que trabalhou incessantemente na busca pela viabilização de vagas de UTI, da mesma forma em que está empenhada na resolução de outros casos em Mato Grosso, e destaca que, desde o início da nova gestão, atua junto aos outros entes públicos responsáveis pela manutenção dos serviços do SUS – Governo Federal e prefeituras – no sentido de regular e ampliar a oferta de UTI’s.

No entanto, para funcionarem, os serviços de alta complexidade requerem prazo razoável e investimento financeiro em novos equipamentos, em contratação de profissionais específicos e em habilitação técnica por parte do Ministério da Saúde. 



 
 
 
 
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