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07/01/2020 às 22:08 | Atualizada: 08/01/2020 às 07:12

Vereador teria pago até despesas de hospedagem de servidora após combinar armação contra prefeito

Alline Marques

Em três horas de depoimento na Delegacia de Combate aos Crimes de Corrupção, a servidora Elizabeth Maria de Almeida revelou ter participado de uma armação para prejudicar o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) sob a orientação do vereador Abílio Brunini (PSC). O parlamentar teria inclusive levado advogados para induzi-la a registrar o boletim de ocorrência, além de pagar despesas dela em um hotel de Cuiabá, onde a teria encontrado para combinar a versão dada à polícia e à Comissão de Ética da Câmara dos Vereadores.

Elizabeth teria explicado a polícia sua relação com Abilio, que iniciou ainda na campanha por conta de ambos frequentarem a mesma igreja. Ela contou ainda como surgiu toda a história da que resultou no registro de um boletim de ocorrência contra o prefeito. De acordo com o depoimento dela, a servidora foi procurada pelo parlamentar.

Dentre as informações prestadas ao delegado José Ricardo Garcia Bruno, responsável pelo inquérito está a de um encontro no Hotel Delmond, no dia 26 de novembro, onde Abilio teria ido acompanhado de quatro advogados, que foram para garantir suporte jurídico e ‘iludi-la’ de que o registro do boletim não traria consequência. Neste dia, ela teria passado a noite no hotel e a hospedagem teria sido paga pelo próprio vereador com o cartão dele.

A informação é de que as imagens registradas pelas câmeras de segurança do hotel teriam registrado o encontro. Também seria possível rastrear os gastos do vereador com o cartão na data citada para comprovar a versão da servidora.

Apesar de tudo isso, ela garante que não recebeu dinheiro e nem tinha nenhuma promessa de vantagem com a articulação, mas como tinha demissão no hospital São Benedito e ela tinha medo de perder o emprego a aproximação com o parlamentar foi uma consequência, uma vez que ele era um político que sempre estava no local para fazer denúncias.

Ao contrário do que Abilio disse por diversas vezes de que sequer conhecia Elizabeth, em depoimento, ela teria revelado que foram vários encontros com o parlamentar e que na verdade já o conhecia desde a campanha por meio da igreja.

A servidora ainda entregou o celular para ser periciado. No aparelho há diversas conversas entre ela e o vereador, Oséas Machado, autor do pedido de cassação contra Abilio e suplente que se beneficiaria com a saída do social-democrata da Câmara, e com a chefe dela citada já em algumas conversas e com quem a servidora disse estar na casa do vereador Juca do Guaraná (Avante), onde supostamente teria ocorrido a negociação para compra de votos que resultaria na cassação do Abilio.

 

A reportagem tentou falar com o advogado Emerson Marques, responsavel pela defesa de Elisabeth, mas disse que não pode passar informações porque o caso está sob sigilo.


Outro lado

Abilio disse ter ficado surpreso com o depoimento de Elizabeth, disse que até o momento não foi notificado e que a investigação está sob sigilo. Disse ainda que não tem nada a ver com versão apresentada pela servidora e reforçou que a iniciativa de ir à polícia foi dela mesmo. Garantiu que está a disposição da polícia para prestar qualquer esclarecimento.

"Pra mim é uma surpresa. Numa semana ela diz que estão armando contra mim, que estão até distribuindo dinheiro na casa do Juca com o Prefeito para cassar meu mandato. Na outra semana ela diz que tem provas. Na outra semana diz que está mal de saúde. E agora diz que eu estou armando. Até onde eu saiba a investigação está sob sigilo, não fui notificado de nada, ela que procurou a polícia, eu já me disponibilizei na polícia, o prefeito foi no presidente da Assembleia Legislativa, maior rolo com delegados, Eu não tenho nada a ver com isso, e nem sei por que ela mudou de opinião, agora está com a polícia e com a mulher para provar tudo isso", diz Abilio.
 
 
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