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17/02/2020 às 16:48 | Atualizada: 19/02/2020 às 09:09

Mesmo insatisfeito, Mendes não assina carta de governadores contra Bolsonaro

Alline Marques

Apesar das últimas declarações em que o governador Mauro Mendes (DEM) criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) referente à questão tributária, o chefe do executivo optou por não assinar a carta aberta que contou com o apoio de vinte governadores. No documento, os gestores estaduais criticam o presidente por fazer declarações que "não contribuem para a evolução da democracia no Brasil".

Eles citam ainda os últimos comentários do presidente referente à questão tributária em que Bolsonaro desafiou os estados a abrir mão do ICMS do setor combustível em troca de isentar os impostos federais. Mendes já havia dito que era impossível e que a comparação era injusta, uma vez que os tributos como PIS e Cofins representam apenas 2% do orçamento da União, já o ICMS do setor é cerca de 25% da receita do estado.

Outro ponto de divergência entre Mendes e Bolsonaro é referente aos repasses do FEX. Ano passado em reunião na presidência foi anunciado a vinda dos recurso para Mato Grosso, porém, as expectativas foram frustradas e o dinheiro não chegou. Já são dois anos de atraso.

Por outro lado, Mendes esteve ao lado do presidente na sexta-feira (14) durante a inauguração dos últimos 51 km da BR-163 na divisa com o estado do Pará. A obra representa um grande avanço para o desenvolvimento do estado. A previsão é de que cerca de 14 milhões de toneladas de grão passe pela rodovia. Parecer que foi suficiente para apaziguar a situação entre ambos. 

Só que o documento trata ainda dos comentários feitos por Bolsonaro referente as investigações sobre as mortes da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, e do ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Adriano da Nóbrega. Nesse domingo (16), inclusive, o presidente disse que o governador da Bahia, Rui Costa (PT), "mantém fortíssimos laços" com bandidos e que a "PM da Bahia, do PT" era responsável pela morte do ex-capitão Adriano.

De acordo com a carta, Bolsonaro antecipa "a investigações policiais para atribuir fatos graves à conduta das polícias e de seus governadores".

O texto pede ainda que se observe "os limites institucionais com a responsabilidade que nossos mandatos exigem", e cobra: "Equilíbrio, sensatez e diálogo para entendimentos na pauta de interesse do povo é o que a sociedade espera de nós". Os governadores também convidam Bolsonaro para participar do próximo Fórum Nacional de Governadores, a ser realizado em 14 de abril.

Assinaram a carta Gladson Cameli (Progressistas-AC), Renan Filho (MDB-AL), Waldez Góes (PDT-AP), Wilson Lima (PSC-AM), Rui Costa (PT-BA), Camilo Santana (PT-CE), Ibaneis Rocha (MDB-DF), Renato Casagrande (PSB-ES), Flávio Dino (PCdoB-MA), Reinaldo Azambuja (PSDB-MS), Romeu Zema (Novo-MG), Helder Barbalho (MDB-PA), João Azevedo (Cidadania-PB), Paulo Câmara (PSB-PE), Wellington Dias (PT-PI), Wilson Witzel (PSC-RJ), Fátima Bezerra (PT-RN), Eduardo Leite (PSDB-RS), João Doria, (PSDB-SP) e Belivaldo Chagas (PSD-SE).

Não assinaram o texto Ronaldo Caiado (DEM-GO), Mauro Mendes (DEM-MT), Ratinho Júnior (PSD-PR), Marcos Rocha (PSL-RO), Antônio Denarium (PSL-RR), Carlos Moisés (PSL-SC), Mauro Carlesse (DEM-TO).
 

A reportagem do Leiagora entrou em contato com a assessoria do Estado para saber os motivos que levaram Mauro Mendes não assinar o documento, mas até o momento não houve retorno. 

O espaço continua aberto. 
 
Com informações do Estadão 
 
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