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24/03/2020 às 13:47 | Atualizada: 24/03/2020 às 17:12

Figueiredo: ‘Estamos em isolamento. Não seria racional fazer as eleições neste momento’

Camilla Zeni

Em meio às discussões sobre os avanços e efeitos do novo coronavírus no Brasil, a classe política também divide a atenção com outro assunto que mexe com o sono dos políticos: as eleições municipais.

Agendadas para outubro, elas começam ainda antes, com a pré-campanha oficializada no meio de agosto e a movimentação de bastidores já em debate neste momento.

Mas para evitar até que essa atenção se desvie da área da Saúde, o ministro Luiz Henrique Mandetta sugeriu o adiamento das eleições. O secretário de Saúde de Mato Grosso, Gilberto Figueiredo, concorda com a ideia.

“Se a previsão do ministro, que é médico, tem experiência muito maior que a minha, imagina que a crise, essa epidemia, vai consumir todo nosso esforço até o mês de outubro, não seria racional [manter as eleições”, disse à imprensa, em coletiva virtual nessa segunda-feira (23).

Na semana passada, o ministro da Saúde informou que o coronavírus ainda está na fase ascendente no país, com o surgimento de centenas de novos casos diariamente. Segundo Mandetta, a previsão é de que o país ainda siga “em estresse” por um período de mais 60 a 90 dias. 

Nessa projeção, a expectativa é a de que os casos de infecção sejam estabilizados em julho, e comecem a apresentar queda até outubro, quando a população deve sair às ruas para escolher novos prefeitos e vereadores.

Com esse cenário, Figueiredo também entende que não seria prudente manter o pleito de 2020, considerando que, para que a projeção com a diminuição dos casos ocorra, a população deve seguir as recomendações do Ministério da Saúde. Elas se resumem ao incentivo à higienização e à quarentena por parte dos cidadãos.

“Nós estamos no enfrentamento de algo que faz com que a população viva em isolamento. Não seria racional fazer um evento com tamanha grandeza, como é a eleição nesse país, em um momento em que ninguém tem cabeça para pensar nisso”, avaliou o secretário.

“O foco de todo mundo e a prioridade é o coronavírus e o combate a essa epidemia. Se isso persistir até lá, eu tô junto com o ministro, acho que a eleição deve ser adiada”, finalizou.

Apesar da opinião dos médicos,
a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Rosa Weber disse, também nessa segunda-feira, que o debate é precoce.

Cabe lembrar que Mato Grosso enfrenta uma situação diferente dos demais estados brasileiros: uma eleição suplementar para preencher vaga no Senado deve ser realizada. Inicialmente, o pleito chegou a ser marcado para 26 de abril, mas foi suspenso pela ministra Rosa Weber justamente diante dos avanços do vírus no país.

A cadeira vaga é a da juíza aposentada Selma Arruda, que teve o mandato cassado por caixa dois e abuso de poder econômico em dezembro de 2019.
 
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