Imprimir

Imprimir Notícia

25/03/2020 às 18:23 | Atualizada: 25/03/2020 às 18:35

Figueiredo: 'Não é a fala do presidente que vai mudar tudo do dia para a noite'

Camilla Zeni

O secretário de Saúde de Mato Grosso, Gilberto Figueiredo, minimizou o último pronunciamento e a repercussão das falas do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), a respeito do novo coronavírus no Brasil. 

Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (25), Figueiredo lembrou que há leis que determinam a quarentena no Estado e outras medidas municipais que também ditam as regras locais. Por isso, lembrou ele, as empresas devem seguir no mesmo ritmo que já vinham adotando nos últimos dias.

"Aqui tem lei. Se tiver vigente no município, vigente no Estado, as empresas são obrigadas a cumprir. Não é uma fala do presidente que, do dia para a noite, muda tudo", respondeu à imprensa. 

No pronunciamento na rede nacional, Bolsonaro minimizou a seriedade do novo coronavírus (considerado pandemia pela Organização Mundial de Saúde), que já atingiu mais de 401 mil pessoas no mundo. Para o presidente, a Covid-19 - doença provocada pelo vírus - é comparável a uma "gripezinha". 

Bolsonaro também alegou que não haveria a necessidade de manter o país em estado de quarentena e afirmou que os governadores estaduais estão "arrebentando" o Brasil com as medidas de fechamento de diversos setores econômicos.

"Estamos seguindo as premissas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, que tem um ministro em quem nós acreditamos e confiamos. Enquanto a determinação continuar, continuaremos segundo a determinaçao", defendeu Figueiredo.

Carta conjunta

O secretário de Saúde também participou da elaboração de uma carta de repúdio contra o pronunciamento do presidente, na noite dessa terça-feira (24). A carta, aliás, foi assinada por todos os secretários de Saúde do país, que disseram ter ficado estarrecidos com as palavras do presidente.

“Não podemos permitir o dissenso e a dubiedade de condução do enfrentamento à Covid-19. Assim, é preciso que seja reparado o que nos parece ser um grave erro do Presidente da República”, escreveram os secretários, em resposta ao pronunciamento feito.

No documento, os secretários lembram que as recomendações adotadas nos estados se baseiam em pesquisas científicas e na realidade da comunidade local e internacional. 

“A economia, com trabalho, disciplina, organização e espírito público, se recuperará. Seremos solidários e trabalharemos sem descanso para permitir uma rápida recuperação da nossa economia. Mas é preciso que se entenda: vidas perdidas não serão recuperadas jamais”, diz trecho da carta.

Depois do pronunciamento, o governador Mauro Mendes (DEM) também decidiu ignorar as alegações de Bolsonaro e avisou, nesta quarta-feira (25), que vai manter a quarentena no estado.


Confira a carta dos secretários de saúde aqui.
 
 Imprimir