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02/04/2020 às 07:22 | Atualizada: 02/04/2020 às 08:11

Secretário diz que estudos sobre Covid-19 são 'futurologia' e não os lê

Camilla Zeni

Brasil afora, diversos pesquisadores se dedicam, dia e noite, em busca de respostas e dados sobre o novo coronavírus, que se tornou pandemia, causando grandes estragos pelo mundo. 

Um desses estudos foi produzido, a pedido do Brasil, pela renomada Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e é utilizado pelo Ministério da Saúde para analisar possíveis cenários de comportamento do vírus no Brasil. Assim, auxiliando o governo a estabelecer quais medidas podem ser tomadas para o enfrentamento ao vírus. 

Mas para o secretário de Saúde de Mato Grosso, Gilberto Figueiredo, tudo não passa de "futurologia", segundo respondeu em coletiva de imprensa, no início da noite dessa quarta-feira (1º).

Figueiredo foi questionado sobre quais foram as projeções de Harvard para Mato Grosso, e se o Estado tem a intenção de seguir os dados da universidade americana como um norte para as ações da Pasta.

O questionamento se dá diante das declarações do secretário Nacional de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, em coletiva de imprensa nesta tarde. Segundo ele, os dados apontam a falta de recursos no Brasil e a demanda de leitos nos estados. Por isso, os documentos foram encaminhados pra todas as secretarias de saúde.

"Nem li. Não sei qual é a projeção feita por Harvard porque eu estou centrado, focado em buscar as soluções para os pacientes que deverão vir. Se eu ficar lendo todos os estudos que são publicados eu consumo o dia fazendo isso e vou ficar apavorado, e não vou ter resolutividade naquilo que é prioridade", disse Figueiredo aos jornalistas.

"Tem bastante gente da nossa equipe para ler essas experiências de futurologia que tem, mas isso não resolve o meu problema", complementou. O secretário ainda informou que seu foco é buscar equipamentos de proteção individual e medicamentos que estão em falta. 

Falta de leitos preocupa
Nos dados compilados pela universidade americana, que apresentou 12 cenários possíveis para a evolução do vírus no Brasil, a falta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) se apresenta como um dos principais gargalos da administração. 

Segundo Harvard, já neste mês de abril o país vai começar a ter dificuldades para alocar todos os pacientes acometidos pelo coronavírus. 

Mas não é preciso ir longe para identificar que esse também será um dos maiores dilemas em Mato Grosso - motivo que levou o governo do Estado a lutar contra o tempo para a aquisição de novos aparelhos respiradores e a liberação de leitos em hospitais. 

Segundo levantamento do Ministério Público de Mato Grosso, o Estado tem apenas 77 leitos de UTI adultos disponíveis, dos 211 leitos existentes. E desses disponíveis, apenas 39 estão em hospitais públicos.

Os dados corroboram com o estudo americano, que apontou que é justamente quem depende do serviço público de saúde quem mais vai sentir os efeitos do coronavírus.
 
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