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07/04/2020 às 08:15 | Atualizada: 07/04/2020 às 08:36

Governador culpa greve e diz que não pode contratar professores para ficarem em casa

Camilla Zeni

Pelo menos 10 mil profissionais da educação estão com o sono prejudicado diante da prorrogação do início das aulas. Sem contratos de trabalho, eles se preocupam com as contas da casa e as dívidas que se acumulam para pagar. E o governo de Mato Grosso parece irredutível na contratação desses professores.

Conforme o Leiagora notificou, os professores contratados do Estado aguardavam a atribuição de aulas em março, quando, uma semana antes do início do ano letivo de 2020, o governo anunciou a suspensão das aulas.

A medida foi uma das primeiras a ser tomadas diante da necessidade de contenção à pandemia do coronavírus, que já registra 60 casos de infecção confirmados em Mato Grosso. No entanto, os professores acabaram sem ter o contrato assinado com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), e, como consequência, terão que enfrentar pelo menos mais um mês sem salário.

Sobre o assunto, o governador Mauro Mendes respondeu: “Eu não posso contratar ninguém para ficar em casa. É crime. É desperdiçar o dinheiro público”. A declaração foi feita em entrevista nessa segunda-feira (6), para a TVCA.

Culpa da greve

Durante a entrevista, o governador aproveitou para “culpar” a greve dos profissionais registrada em 2019. Em um movimento conhecido como “a maior greve da última década”, os professores somaram 75 dias com as atividades paralisadas. De acordo com Mauro, esse movimento fez com que o calendário acadêmico de 2019 se atrasasse, o que, consequentemente, atrasou o início de 2020. 

Contudo, nem todas as escolas retomaram as atividades no mesmo tempo. Houve aquelas eu que desistiram da greve no meio do caminho. Essas tiveram as aulas iniciadas em fevereiro deste ano e, portanto, segundo o governador, uma parcela de professores teve o contrato assinado antes do decreto.

Mauro Mendes garantiu que os contratos firmados serão mantidos, mas descartou, no fim, a possibilidade de contratar o resto dos professores. Em uma alusão à situação do comércio, Mauro questionou se algum empresário contrataria um funcionário para ficar parado, ao que a entrevistadora, Luzimar Collares, disse que essa é a situação do comércio hoje.


Ao respondê-la, o chefe do Executivo disse que a situação é "jogar dinheiro fora", e tornou a dizer que não há previsão legal para a contratação dos profissionais, uma vez que o governo sabe que as aulas não estarão acontecendo. Por isso, alega que se trata de crime de responsabilidade.

O Sintep, que representa os profissionais da Educação, e deputados da Assembleia Legislativa ainda se articulam para traçar uma estratégia para “socorrer” os professores.

O presidente do Sintep, Valdeir Pereira, também ponderou ao Leiagora que, do dia 23 de março até o dia 4 de abril, o período já estava incluído como recesso nos contratos anteriores e, portanto, o governo tinha margem para renová-los.

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