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08/04/2020 às 13:00 | Atualizada: 09/04/2020 às 08:49

Secretário diz que retorno de comércio em municípios de MT causa preocupação

Camilla Zeni

Se dependesse do secretário de Saúde de Mato Grosso, Gilberto Figueiredo, toda a população ficaria em casa até o fim da pandemia do novo coronavírus. Ao menos foi o que ele disse em entrevista nesta quarta-feira (8), à TV Centro América.

Figueiredo pontuou que entende que os prefeitos têm decisões difícieis a serem tomadas e reconhece que eles sofrem pressão, diante da parcela de cidadãos que precisam trabalhar para a família não passar necessidade. No entanto, ele se diz preocupado com a situação e o cenário do vírus.

Alguns prefeitos mato-grossenses passaram a liberar a circulação de pessoas e algumas atividades econômicas ao longo da última semana, como em Sinop e Várzea Grande.

Durante a entrevista, a TVCA exibiu imagens do comércio aberto e o movimento intenso na cidade vizinha à Cuiabá. Figueiredo reprovou o comportamento da população e lembrou que esse é um momento importante para manter o isolamento.

"Eu vejo isso com uma certa preocupação. Esse confinamento em casa ajuda muito a gente a achatar essa ponta do pico que projetamos para a epidemia. Quando a população volta em maior volume para as ruas, essa possibilidade [de contágio] aumenta muito", disse o secretário. 

Um ponto observado por Figueiredo também foi a falta de uso de máscaras por parte da população que estava nas ruas. O secretário lembrou que o governo lançou, na semana passada, uma campanha para incentivar o uso do material - que passará a ser obrigatório a partir do dia 13 abril -, e que a medida é fundamental para ajudar a manter o número de infecção controlado.

"Só quem já perdeu um ente querido sabe o quanto é difícil perdê-lo, principalmente se poderia ter evitado. É importante que, nesse momento, a gente faça esse sacrifício de usar a máscara", acrescentou.


O novo coronavírus já registrou mais de um milhão de pessoas infectadas em todo o mundo, sendo que mais de 83 mil pessoas morreram. No Brasil o número é de 800 mortes confirmadas, sendo uma delas registrada em Mato Grosso e outra sob suspeita.

Decretos liberais
Em Várzea Grande, após pressão dos comerciantes e empresários, a prefeita Lucimar Campos (DEM) assinou novo decreto que flexibiliza as regras e permite o funcionamento, aina que parcial, de todas atividades econômicas. Ela determinou que sejam observadas as regras de distanciamento mínimo e higienização dos locais, mas esse dispositivo não tem sido fiscalizado

Ao flexibilizar as medidas de prevenção ao vírus, a prefeita disse que quer resguardar empregos e empresas.

Já em Sinop a prefeita Rosana Martinelli (PL) autorizou a reabertura de comércios, restaurantes e até bares. “É uma flexibilização parcial mas rigorosamente fiscalizada", disse ela.

Contudo, nessa terça-feira (7) o Ministério Público e a Defensoria acionaram a prefeitura na Justiça. Eles sustentam que, além de afrontar o bom-senso, o decreto é inconstitucional, porque caminha em sentido oposto ao que estabelece a legislação federal e estadual.
 
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