22/05/2020 às 13:36 | Atualizada: 22/05/2020 às 13:47
Kit-covid não é seguro e uso de cloroquina depende de médicos, avalia secretário
Camilla Zeni
"Parece uma brincadeira, né", respondeu o secretário de Saúde de Mato Grosso, Gilberto Figueiredo, sobre o lançamento do primeiro "kit-covid" em Mato Grosso. Com variação de três ou quatro remédios, o conjunto de medicamentos foi lançado pela Prefeitura de Barra do Garças (170 km de Cuiabá) na última terça-feira (19).
O município, segundo dados da Secretaria de Saúde do estado, é o terceiro em número de mortos por covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus). Foram quatro mortes, sendo que um dos pacientes era morador de Ponte Branca, cidade menor localizada na região.
Para o secretário de Saúde do Estado, porém, a inovação da prefeitura de Barra do Garças não é segura.
"Essa história de primeiro estado a lançar um kit parece brincadeira, né? Para todas as doenças já poderia ter um kit então e não precisaria nem fazer curso medicina para analisar sintomas de paciente e prescrever o medicamento ideal. Eu não concordo com isso. É algo nocivo para a população, dando a imagem de que é uma solução segura e não é", comentou Gilberto durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira (22).
Os kits, segundo a prefeitura, são compostos por azitromicina, ivermectina e paracetamol ou ainda azitromicina, ivermectina, dipirona e cloroquina. No entanto, eles dependem de receituário médico para serem liberados.
A cloroquina foi liberada para ser usada no protocolo de tratamento de coronavírus para pacientes com sintomas leves na última quarta-feira (20). Contudo, o Ministério da Saúde destacou que cabe ao médico a decisão de prescrever ou não o medicamento.
O secretário de Saúde de Mato Grosso concorda. Ele afirmou que, se houvesse alguém de sua família internado com a doença e o médico recomendasse o uso do medicamento, ele autorizaria já que é o profissional quem tem competência para tratar do assunto.
"Não há impedimento do governo do Estado. Esse é apenas mais um medicamento à disposição dos profissionais que foram formados para isso, estudaram mais de 10 anos para fazer. Não é o governador, o secretário, o ministro ou o presidente da República quem prescreve medicamento para tratamento de covid e nenhuma outra enfermidade".
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