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23/05/2020 às 18:49 | Atualizada: 23/05/2020 às 18:54

Com eventos adiados, 'setor do cavalo' entra em crise

Alline Marques

O mundo do cavalo fomenta a economia e movimento bilhões todos os anos, mas vai muito além da comercialização, o animal ganhou espaço e, atualmente, é utilizado em vários esportes, no lazer e no tratamento de deficientes com excelentes resultados na equoterapia. Só que com a pandemia do coronavírus o setor foi acertado de cheio, principalmente, quem vive das competições que vão desde hipismo, laços, tambor e até rodeios.

Todos os eventos que tinham sido programados para o primeiro semestre foram cancelados e não há sequer uma previsão de retorno. Esta cadeia tem milhares de profissionais envolvidos, que vão desde os domadores, cuidadores, atletas, promotores de eventos, produtores, há ainda os envolvidos com a transmissão, enfim, muita gente viu sua renda despencar e sem sequer um auxílio ou algum retorno do governo, seja estadual, municipal ou Federal.

Dentre eles está Rafael Fernando Gonçalves Barreira, ele é domador em Cuiabá, e relatou ao Leiagora que a situação é preocupante porque o cavalo acaba sendo visto por muitos como um luxo, e com a crise e sequer uma previsão de retorno, muitos começam a deixar de lado o esporte ou animal.

Ele é domador, mas também é competidor em provas de laço, então ele viu não só a renda com a função de domar o cavalo reduzir, como a premiação das competições sumir, já que todos os eventos foram cancelados até o momento. Para ele, a situação é alarmante e torce para que essa pandemia acabe logo.

“Eu domo e vivo do laço. Conforme a gente domina o cavalo, e o apresenta na prova. Ganhamos por vez, se tiver pouco cavalo ganha menos, e quando ganha a prova, divide o prêmio com patrocinador, mas não estamos tendo nada”, explicou.

De acordo com ele, nenhuma autoridade até agora chamou o segmento para uma conversa em Mato Grosso. A crise, segundo ele, atingiu todos que mexem no meio equestre, quem vive de dar aula para crianças, por exemplo, caiu o atendimento. “Queria que acabasse muito com este bloqueio, conversar para as coisas voltar ao normal, só Deus sabe onde isso vai parar”, finalizou.

Há de se ressaltar que o hipismo não é um esporte de aglomeração, em geral, é o homem e o animal, além disso, não há registro de contaminação de cavalo ao coronavírus. No entanto, já no caso das aulas ou das competições existe o contato com mais pessoas e acaba complicando um pouco mais o retorno.

No Brasil e no mundo, a quarentena vem obrigando os atletas a se reinventarem, adaptando os treinamentos. No entanto, neste momento vivemos uma situação totalmente atípica todos estão submetidos à quarentena, isolamento social e regras rigorosas de biossegurança devido à pandemia provocada pela Covid-19.

Maico Delfes é laçador de Campo Belo do Sul (SC) e conversou com o Leiagora para falar sobre a paralisação no esporte e como que afetou o mundo equestre, “não apenas o laço, mas em geral, todos os esportes com cavalo que tinha o envolvimento de pessoas”.

Vale destacar que esta cultura na região Sul do país é muito forte e em estado como Santa Catarina e Rio Grande do Sul muita gente vive do laço e do rodeio, mas ficou complicado nos últimos meses. “Deixou de participar das provas, dos eventos, até mesmo vender animais, tirar para mostrar nos rodeios, esta epidemia prejudicou 80% do nosso mundo e do pessoal que vive do cavalo”.

Apesar de um cenário caótico, Maico ainda tira esperança do laço e torce para a pandemia passe logo e possa voltar as atividades “porque ninguém dá auxílio para os cavalos parados”. “É complicado, mas temos que ter fé e se ajudar para voltar logo, poder fazer o que a gente mais ama”.

Laurimar Pereira, do Canal do Laço, viu sua renda cair a zero e já teve que dispensar três colaboradores que trabalhavam com ele nas transmissões das provas. O canal é contratado pelos promotores dos eventos e com uma média de cinco eventos por mês, ele foi só acompanhando os cancelamentos que até agora já chegam a 18 eventos adiados. “Nós tínhamos uma reserva, que é o que tem nos sustentado e mantido as nossas contas em dia”, comentou.

No entanto, caso não normalize a situação, com certeza ficará mais complicado manter a situação econômica estável. Laurimar é otimista e tem esperança de que em meados de já volte os rodeios. O fato é que mesmo que retornem as provas, novas dinâmicas deverão ser adotadas, já que ainda não é permitido aglomeração.

Vale lembrar ainda que julho é um mês de muitas feiras em Mato Grosso, mas ao que tudo indica os eventos devem ser adiados. As exposições agropecuárias podem nem ocorrer, já que a previsão da Saúde de Mato Grosso é de que o estado entre no pico da doença em junho, sendo assim, é provável que a proibição para realização de eventos persista por pelo menos mais três meses.
 
 
 
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