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27/06/2020 às 16:10

Pandemia faz maior cemitério de Cuiabá registrar 23 sepultamentos em um só dia

Luzia Araújo

Desde que a pandemia do novo Coronavírus chegou ao Brasil, a doença vem fazendo milhares de vítimas no país. Em Mato Grosso, a Secretaria de Saúde já registrou mais de 500 mortes em decorrência da Covid-19 até essa sexta-feira (26). 

Ainda de acordo com o órgão, Cuiabá está entre as 20 cidades com o maior número de infectados com a doença. De acordo com os últimos dados divulgados pelo Estado, a capital tem 3.258 casos e 145 óbitos de residentes da capital. 

Depois de receber a notícia da morte em decorrência do coronavírus, o sepultamento é o último momento que a família tem com o seu ente querido. O administrador do cemitério Parque Bom Jesus de Cuiabá, Valmir José Garavaglia, vem acompanhando de perto as famílias que precisam se despedir de alguém que perdeu a batalha para o vírus.

Há 30 anos à frente das tarefas do maior cemitério da capital, ele afirmou que nunca viu tantos sepultamentos serem realizados em um só dia como tem sido agora. De acordo com Valmir, em média, o cemitério recebia de 6 a 8 sepultamentos por dia, porém com crescimento do número de mortes causadas pela Covid-19, o local já chegou a fazer 23, em um único dia.

“É difícil colocar em número, porque fazem uns 15 dias que vem aumentando gradativamente. O que eu sei é que, em relação ao mesmo mês do ano passado, já deu mais que o dobro”, afirmou Valmir completando que o crescimento de sepultamentos também foi registrado no cemitério municipal Campo Santo, que é administrado pela empresa. 

O administrador explicou que quando o sepultamento é de Covid existe um procedimento diferente para manter a proteção dos funcionários, assim como ocorre nas outras empresas. “Eles usam um macacão descartável, luvas e máscara, mesmo o risco sendo praticamente zero aqui no cemitério. Não temos contato com o corpo. Não é feito a abertura do caixão e mesmo assim, os funcionários são obrigados a usar todos os equipamentos de proteção quando o procedimento é para caso de covid-19”.

Quem também vem acompanhando de perto o sofrimento das famílias no momento da despedida é Alan Davi, de 28 anos. Ele é coveiro há cinco anos no Cemitério Municipal do Porto e afirmou que a despedida se tornou ainda mais dolorosa para os familiares com o distanciamento e o caixão lacrado, mas que precisam ser seguidas para evitar o risco de contaminação com a doença. 

Com a pandemia, o rapaz afirmou que a rotina de trabalho no local mudou. “Hoje em dia, para fazer sepultamento de Covid tem que ser com roupa especial”, relatou Alan. A roupa a qual o coveiro se refere é o macacão descartável. 

Segundo o rapaz, o cemitério ainda recebeu poucas vítimas da pandemia, mas quando ocorre os funcionários também usam luvas e máscara para evitar a contaminação. O distanciamento de 1,5 metro e o uso continuo de álcool gel também se tornaram procedimentos obrigatórios no dia a dia do cemitério, relatou o rapaz.

 A rotina não mudou só no trabalho de Alan. O coveiro também contou que teve que se adaptar em casa para manter sua família protegida do coronavírus. “Antes de entrar em casa, coloco minha roupa em um balde com água sanitária e sabão. Também tomo banho do lado de fora da casa. O calçado também não entra em casa”. 

O rapaz afirmou que não tem medo de contrair a doença e aconselhou as pessoas que ainda não acreditam no coronavírus que se protejam, para não se tornarem mais uma vítima da covid-19. “As coisas estão assim, porque as pessoas não acreditaram na doença. Se todo mundo tivesse acreditado desde o início, não teríamos tanta morte. Eu vejo a tristeza das famílias que perderam uma pessoa.  Então, quem ainda pode, deve se cuidar muito”.  

Recomendações

Atualmente, não existe vacina para prevenir a infecção pelo novo coronavírus. A melhor maneira de prevenir a infecção é evitar ser exposto ao vírus. Os sites da SES e do Ministério da Saúde dispõem de informações oficiais acerca do novo coronavírus. A orientação é de que não sejam divulgadas informações inverídicas, pois as notícias falsas causam pânico e atrapalham a condução dos trabalhos pelos serviços de saúde.

O Ministério da Saúde orienta os cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o novo coronavírus. Entre as medidas estão:

- Lavar as mãos frequentemente com água e sabão por pelo menos 20 segundos. Se não houver água e sabão, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool;

- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas;

- Evitar contato próximo com pessoas doentes. Ficar em casa quando estiver doente;

- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo;

- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
 
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