Estudos apontam relação de queimadas e doenças respiratórias
Leiagora
Inicia na quarta-feira (1) o período proibitivo de queimadas na zona rural de Mato Grosso. A medida visa evitar incêndios de grandes proporções no período de seca e, no contexto de pandemia, diminuir a poluição do ar, que tem ligação direta com o aumento do número de pessoas com doenças respiratórias.
"O que os estudos apontam é que, apesar de não serem as únicas responsáveis, as queimadas elevam a quantidade de material particulado presente no ar, o que, por sua vez, aumenta a mortalidade de doenças como a Síndrome Respiratória Aguda Grave", explica o professor Ageo Mario Candido Da Silva, do Instituto de Saúde Coletiva (ISC), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e completa: "Ainda não temos os dados da covid-19 especificamente, mas é muito provável que mais pessoas apresentem o quadro grave da doença, se a poluição das queimadas não for controlada".
Materiais particulados são pedaços muito pequenos de sólidos ou líquidos suspensos no ar. Eles são medidos em micrômetros (1 milionésimo de metro) e se esses pedaços forem menores que 2,5 micrômetros já conseguem chegar em nossos pulmões, causando obstruções.
Outra consequência das queimadas são gases como o monóxido de carbono, que tem mais facilidade que o oxigênio para entrar nas células do nosso sangue e, por isso, quando inalado, acaba ocupando esse espaço e dificultando a respiração celular.
As pesquisas demonstram que, mesmo excluindo a participação de fatores como temperatura e clima, o aumento das queimadas influencia significativamente na saúde da população. "Em nossos trabalhos, encontramos relações entre o aumento de queimadas e o número de internações por doenças respiratórias, que chegavam a até 25%, principalmente na época da Seca. Também constatamos a apresentação de baixo peso em recém-nascidos, em regiões onde há grande incidência de queimadas", conclui.
Campanha
A UFMT lança nesta quarta-feira (1) a campanha "A Atmosfera é de Todos", com foco em alertar sobre os riscos das queimadas. Ela será composta por publicações frequentes em redes sociais, além de matérias especiais na TV Universidade e no site, trazendo estudos da área.
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