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15/09/2020 às 14:15 | Atualizada: 18/09/2020 às 13:44

‘Dinheiro público tem que ficar guardado nas contas públicas e não em paletó’, alfineta Antero

Camilla Zeni

Processado pelo prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), por calúnia e difamação, após chamá-lo de corrupto, o ex-senador e marqueteiro Antero Paes de Barros disse não se preocupar com as consequências de suas falas. Ele também lembrou de quando o chefe do Alencastro foi flagrado recebendo maços de dinheiro que, segundo o ex-governador Silval Barbosa, seriam de propina.

O processo foi movido no fim de agosto, após Antero alfinetar Emanuel em entrevista a um site de Cuiabá. Conforme o Leiagora noticiou, Emanuel pede R$ 50 mil de indenização por danos morais e afirma que tem sofrido represálias e agonizado em razão de críticas que tem recebido da sociedade.

A defesa de Emanuel, patrocinada pelo advogado Francisco Faiad, alega que o próprio Antero afirmou que não há condenações contra o prefeito, mas que, ainda assim, “a população sabe que ele é comprovadamente corrupto”.

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“Emanuel tem que se contentar em resolver os problemas financeiros dele com a [Operação] Sangria e outras coisas que aconteceram na administração dele. Combater a corrupção é a moral da República. O homem público não pode roubar, nem deixar roubar. Emanuel foi flagrado com dinheiro caindo no paletó e os secretários dele foram presos por corrupção e desvio de dinheiro”, comentou o marqueteiro, que é responsável pela campanha de Carlos Fávaro (PSD) nesta eleição suplementar ao Senado.

Antero também defendeu que estaria expressando sua opinião ao comentar sobre fatos públicos que pesam contra o prefeito, e garantiu que vai se defender na ação. 

Ainda, ironizou: “Se aquele vídeo alí não é prova, não sei o que existe mais de prova com relação a propina, com relação a alguém que não zela pelo dinheiro público. Emanuel não é um bom guardador do dinheiro público, e isso está mais do que provado. Aliás, ou até é: põe no paletó. Mas o dinheiro público tem que ficar guardado nas contas públicas e não no paletó”.

Vídeo de propina

Como prova de que pagava mensalinho para deputados estaduais manterem sua governabilidade, Silval Barbosa apresentou ao Ministério Público Federal (MPF) vídeos gravados pelo seu então chefe de gabinete, Silvio Corrêa, no qual diversos políticos foram flagrados recebendo maços de dinheiro. 

Conforme a delação, mensalmente eram pagos R$ 50 mil para determinados parlamentares, entre eles Emanuel Pinheiro. Ao todo, cada deputado teria recebido cerca de R$ 600 mil. Os valores eram pagos a partir de retornos de recursos do programa MT Integrado, de incentivos fiscais e obras da Copa do Mundo de 2014.

Na última sexta-feira (11), o prefeito se tornou réu suspeito de corrupção. O caso tramita na Justiça Federal em razão de ter conexões com a Operação Ararath, que apurou crimes financeiros contra a administração pública de Mato Grosso. 

O juiz Jeferson Schenider, da 5ª Vara Federal, considerou que o vídeo entregue por Silval é prova suficiente da existência do esquema de mensalinho. As imagens foram periciadas pela Polícia Federal e apontadas como verídicas.
 
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