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21/09/2020 às 15:45

Mauro sugere que situação do Pantanal é explorada para favorecer agronegócio do exterior

Camilla Zeni

Com discurso semelhante ao propagado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), acredita que os olhares internacionais para as queimadas na região do Pantanal tem puramente interesses comerciais. 

Há mais de dois meses o Pantanal arde em chamas, já tendo mais de 2 milhões de hectares queimados, sendo 1,3 milhão de hectares localizados em Mato Grosso. Ao todo, segundo monitoramento do Instituto Centro Vida (ICV), a área perdida corresponde a 22% do bioma.

Para o governador do Estado, o interesse internacional em difundir as queimadas que acometem a região visa prejudicar a imagem brasileira com os compradores no exterior. Isso porque, segundo ele, a consciência ambiental está muito mais evidenciada nos dias atuais.

“Nós, do Brasil, somos muito vítimas de uma orquestrada campanha internacional contra o nosso país, movida por alguns interesses. Claro que as imagens não são nada inventadas. Houve a queimada. Temos problemas, sim, e temos que enfrentá-los. Mas existe uma exploração ambiental contra o Brasil, da imagem ambiental do Brasil, por alguns atores que interessam, por causa do nosso agronegócio, que é desenvolvido em grande partes dessas regiões, no nosso estado”, avaliou o governador, em entrevista na manhã desta segunda-feira (21).

Esse posicionamento já tinha sido externado pelo presidente Jair Bolsonaro quando esteve em Sinop (500 km de Cuiabá), na manhã de sexta-feira (18), para inauguração de nova planta em uma usina de etanol de milho. Em discurso aos produtores, Bolsonaro fez a mesma avaliação de Mauro.

"Temos sofrido uma crítica muito grande, porque, obviamente, quanto mais nos atacarem, mais interessa aos nossos concorrentes, para o que temos de melhor, que é o nosso agronegócio", disse o presidente, na ocasião.

De acordo com o governador, o interesse já fica evidenciado quando do tratamento diferenciado entre os países. No Brasil, colocou Mauro Mendes, o caso é chamado de queimada, imprimindo tom pejorativo à situação. Nos Estados Unidos e na Europa, porém, chamam de incêndio florestal, tirando a gravidade dos fatos, mesmo que aconteçam em grandes proporções, destruindo casas e matando pessoas.

“O que temos que ter claro é o seguinte: ninguém lá fora está preocupado conosco. Está preocupado com os interesses econômicos deles. Agora, nós, brasileiros, estamos preocupados e queremos preservar a Amazônia, nossas belezas, parques nacionais, nosso Pantanal”, completou Mauro.

Atualmente, a situação do Pantanal atrai olhares do mundo todo, que já estava com a atenção redobrada sobre o Brasil em relação às políticas ambientais. O movimento foi agravado na gestão Bolsonaro, que expressou uma despreocupação, no início do seu governo, com as regras internacionais. Esse fato resultou, por exemplo, em uma diminuição do Fundo Amazônia, que recebe ajuda de países europeus para combater a exploração ilegal e desmatamento na região. 

Em relação ao caso, Mauro Mendes observou que o presidente teria sido mal interpretado. Ele também defendeu o governo de críticas sobre a atuação da União no caso das queimadas deste ano. Para o governador de Mato Grosso, a gestão Bolsonaro tem atuado de forma coerente e correta diante da situação.

“O governo federal tem sido um bom parceiro, pelo menos no nosso estado e em muitos estados, nessa questão do combate ao desmatamento ilegal. Pelo menos na prática eu posso assegurar que, no nosso estado, o governo federal tem tido uma ação correta de combater e ajudar a mitigar os efeitos, com as operações que temos em campo”, defendeu.
 
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