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01/10/2020 às 07:20 | Atualizada: 01/10/2020 às 07:24

Crédito Podre: MPE pede que acusados de morte de delator sejam julgados pela sociedade

Camilla Zeni e Bruno Pinheiro

O promotor de Justiça Antônio Sérgio Cordeiro Piedade, do Ministério Público de Mato Grosso, pediu que Adão Joasir Fontoura e sua esposa, Dayane Pereira Pimenta, sejam julgados no Tribunal do Júri pelo assassinato do empresário Wagner Florêncio Pimentel.

Wagner foi morto em 9 de fevereiro de 2019, quando trafegava à noite pela Avenida Brasília, no bairro Jardim das Américas, em Cuiabá. Ele era delator na Operação Crédito Podre, comandada pela Polícia Civil, que identificou esquema de fraude e sonegação fiscal, com prejuízos na área de R$ 140 mil.

O Ministério Público apontou que o casal teria cometido o assassinato por motivo torpe e usando recurso que dificultou a defesa da vítima. Naquela noite, Wagner foi morto a tiros, quando reduziu a velocidade de seu carro para passar em um quebra-molas. Ele já estava sendo monitorado e seguido pela dupla criminosa.

"Analisando as provas colhidas dos autos, conclui o Ministério Público que alternativa não resta senão a pronúncia dos denunciados Adão Joasir Fontoura e Dayane Pereira Pimenta, eis que presentes indícios suficientes da autoria e prova da materialidade do fato criminoso", colocou o promotor.

Na noite do crime, segundo as investigações apontaram, Adão e Dayane estavam no Shopping Três Américas monitorando Wagner quando uma terceira pessoa chegou e estacionou a motocicleta que seria usada no crime. 

Em determinado momento, Adão trocou de camiseta, pegou a moto e saiu atrás de Wagner, que havia deixado o local em seu veículo particular, um Renault Sandero. Dayane ficou no shopping com o terceiro sujeito. Depois, saíram no carro do casal. Eles foram responsáveis por checar se os tiros disparados por Adão tinham matado o empresário.

Em depoimento, Dayane tentou alegar que não conhecia a terceira pessoa, não sabia seu nome e que sequer conversou com ele. Disse também que Adão teria lhe dito apenas que tinha que resolver uma situação e que não costumava andar armado. Segundo o promotor, porém, os depoimentos dos acusados não têm respaldo.

O promotor chegou a apontar que Dayane "tenta se eximir da responsabilidade penal", mas teve participação evidente no assassinato. Por isso, pediu, em abril deste ano, que ela também passe por julgamento popular. Contudo, a 12ª Vara Criminal de Cuiabá ainda não tomou decisão.

Relembre o caso

O empresário Wagner Florêncio Pimentel foi executado aos 47 anos, quando dirigia pela Avenida Brasília, no bairro Jardim das Américas, em Cuiabá. Em seu carro, a polícia encontrou uma sacola com R$ 1,6 mil em dinheiro e uma sacola com envelopes. Além disso, haviam cinco cápsulas de munição calibre 9 mm.

Segundo o boletim de ocorrência registrado na época, a polícia foi chamada para a região por testemunhas, que ouviram barulhos de disparo de arma de fogo. 

Wagner já era monitorado pelo Sistema Penitenciário desde julho de 2018, quando foi solto após passar alguns meses presos. Ele era alvo da Operação Crédito Podre, deflagrada pela Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz) em dezembro de 2017, e foi acusado de participar de um esquema de sonegação de impostos por meio de fraude em exportação de commodities.
 
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