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10/10/2020 às 12:34

Portadores de HIV denunciam descaso no SAE em Cuiabá

Bruno Pinheiro

Forro caindo, paredes com infiltrações, armários onde são armazenados os documentos dos pacientes, todos desorganizados. Esse é o Serviços de Atenção Especializada (SAE) em HIV-aids, de Cuiabá. No local, mais de cinco mil pessoas são atendidas, porém os pacientes que depende do atendimento, reclamam, e muito, da estrutura.

Uma paciente que pediu para não ser identificada relatou à reportagem do Playagora o dilema que ela vive. Moradora de Nossa Senhora de Livramento, mas no município não tem estrutura, para exames. Então só esta semana, ela precisou vir a Cuiabá três vezes e não teve atendimento.

Francisca Batista é representante da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV-aids, e tem fiscalizado as unidades municipais. Segundo ela, a unidade do SAE está vivendo uma verdadeira desumanização. A farmácia que já teve quatro farmacêuticos, hoje tem um atendimento comprometido.

“Hoje encontramos um farmacêutico, e ele precisa ficar no período em que a farmácia fica fechado, porque ele tem que almoçar, então no período que fica fechado, as pessoas vão buscar geralmente é horário de almoço, a maioria trabalha e tem que sair e buscar medicamento.

A denúncia ainda revela que o serviço odontológico na unidade está suspenso. De acordo com Francisca “Lá falta uma peça no aparelho e já foi solicitado várias vezes, e eles nem sequer arrumam. Está lá, os dentistas recebem, eles têm direito de receber e nem estou culpando eles, mas não tem atendimento. E é muito importante porque precisamos deles, porque tomamos medicamento forte e desgasta a carga dentária”.

Francisca fala ainda que apenas a parte externa da unidade foi reformada. Segundo ela, dentro do SAE a situação é bem diferente. “Isto é uma vergonha para o município de Cuiabá. Ter 5 mil e tantas pessoas dependendo de um serviço e um serviço que eles fizeram mal feito. Pintaram do lado de fora para enganar os bestas, é assim que eles fazem com nós”, desabafou. 

A reportagem foi em busca de resposta e quem atendeu a equipe foi a coordenadora da unidade, que não quis aparecer. Ela explicou que não receberia a equipe para uma entrevista. Porém,  no  corredor da unidade mesmo foi gravada uma rápida conversa e ela negou que o SAE esteja em péssimas condições, apesar das denúncias dos pacientes. 

Ainda segundo a coordenadora, a odontologia voltou a funcionar e apesar de alegar que todos os serviços estão sendo oferecidos, a equipe foi barrada de acessar os departamentos. “Estamos com duas dentistas atendendo o que pode ser feito: avaliação bucal, limpeza, mas não podemos fazer procedimento até porque o protocolo não permite”.

Com uma câmera escondida, a reportagem fez o registro do armário onde os insumos ficam guardados, e foi possível perceber que o estoque de álcool é baixo.  A coordenadora insistiu em dizer que nada está faltando na estrutura e mesmo sendo chefe da unidade ela não pode autorizar o acesso da equipe.

“Eu como coordenadora presto serviço para uma instituição que é o município e eu não tenho autorização para permitir ninguém entrar”.

O serviço no SAE é diário, a luta de quem mais necessita também é constante.


 
 
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