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15/10/2020 às 12:10 | Atualizada: 15/10/2020 às 16:51

Debate na TV é marcado por ausência de Emanuel e polêmicas

Kamila Arruda e Camilla Zeni

O candidato a prefeito de Cuiabá pelo Psol, Giberto Lopes, roubou a cena durante o primeiro bloco do debate realizado nesta quinta-feira (15) pela TV Vila Real. Sete dos oito postulantes ao comando do Palácio Alencastro se encontraram para apresentar suas ideias, mas como já é de se esperar, o debate foi palco também de muita polêmica. 

Para começar, o servidor público, que disputa a eleição na Capital pela primeira vez, fez questão de tirar o seu paletó e colocar no lugar reservado ao atual chefe do Executivo Municipal, Emanuel Pinheiro (MDB), fazendo uma alusão ao vídeo em que o emedebista aparece recebendo maços de dinheiro - apontados pelo ex-governador Silval Barbosa como valores de propina.

“Quero externar meu repúdio à ausência do prefeito, que não teve coragem de enfrentar o povo”, disso Lopes, ao fazer o gesto de protesto. 


O afastamento de quatro secretários municipais durante a gestão de Pinheiro também foi lembrado e desta vez pelo apresentador Roberto França (Patriota). “Não sei como o prefeito está gastando esse dinheiro da verba indenizatória. Espero que não seja de forma desonesta. Uma gestão que teve quatro secretários afastados pela Justiça, eu espero que o homem público zelo pelo dinheiro público”, disparou França ao responder o questionamento do também candidato Aécio Rodrigues (PSL).

O comunicador ainda não parou por ai, e, ao responder o questionamento de outro candidato referente à saúde, lembrou o fechamento da Santa Casa. "A atual administração acabou com a saúde pública de Cuiabá, fechou a Santa Casa. Esse foi presente do Emanuel Pinheiro para os 300 anos de Cuiabá”, disparou.

Durante o primeiro bloco, os candidatos puderam fazer perguntas de temas livres entre si. A troca de farpas e alfinetadas foram notadas em quase todas as perguntas feitas.

Aécio não deixou barato e partiu para cima do ex-juiz Julier Sebastião (PT) e também de França. O transporte público e verba indenizatória foram temas de discussão entre eles. “Não é surpresa esperar isso do PT, que só pensa no inchamento da máquina e não no serviço público”, disse o social liberal, após ouvir a proposta de Julier sobre o transporte público.

Gisela Simona (Pros), por sua vez, parecia estar na defensiva, adotando um tom mais agressivo ao responder as perguntas de seus adversários. 

Além do transporte público, também foram abordados durante o primeiro bloco  do debate temas como a saúde pública e a participação das mulheres na gestão, além de emprego e renda.

A resposta do vereador Abilio Junior (Podemos) no que refere à política pública voltadas para a mulher chamou a atenção durante o primeiro debate entre os postulantes ao comando do Palácio Alencastro. O parlamentar foi questionado por Gisela, única mulher na disputa, sobre as suas propostas voltadas ao tema. Abílio respondeu afirmando que Gisela era “uma excelente participante mesmo sendo mulher”. 

O vereador, que disputa a eleição majoritária neste ano, tentou remediar e completou dizendo que “ser mulher ou ser homem não deve ser critério para ocupar espaço público”. 

A resposta também não agradou ao advogado Julier Sebastião (PT), que no inicio do segundo bloco afirmou que a fala do parlamentar “soou misógino”. O petista o questionou novamente sobre sua spropostas voltadas para as mulheres e Abílio afirmou que Julier “pareceu Maria do Rosário” ao chamá-lo de misógino. O vereador perguntou “onde estava o PT” quando a “Maria apanhou de um pastor na região do Jardim Leblon?”. 

Gisela se sentiu ofendida com a declaração de Abílio e chegou a pedir direito de resposta a produção do debate, que não atendeu o pedido sob o argumento de que não houve ofensa.

Diante disso, Abílio disse que a sua adversária não tem propostas voltadas para mulheres, que copiou o plano de governo do também candidato Roberto França, e que se apegou a uma falha de comunicação de sua parte para se fazer de vítima.

Outro tema que elevou os ânimos dos candidatos a prefeito de Cuiabá foi corrupção. Fazendo referência a atual administração, Roberto França questionou Julier sobre a existência de corrupção na Prefeitura.

"Temos que ter um compromisso ético. Não se pode meter a mão no dinheiro público e colocar no paletó. Temos três secretários afastados da Saúde, secretário afastado na Educação, secretaria dos 300 anos que não teve festa, só gasto. Lamentavelmente, o prefeito Emanuel Pinheiro não tem compromisso com a ética", respondeu o candidato petista.

França ainda foi além e disse que gostaria que Pinheiro estivesse presente para poder se defender sobre o episódio envolvendo o dinheiro no paletó. O apresentador fez referência ao vídeo em que o emedebista aparece recebendo maços de dinheiro das mãos de Silvio Cesar Correa, ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa.

"Eu daria oportunidade ao Emanuel Pinheiro para explicar porque embolsou o dinheiro e colocou no paletó e sobre os secretários afastados por corrupção. É uma gestão corrupta e a população deve avaliar isso", disse França.

Durante o segundo bloco, o candidato Giberto Lopes disparou a metralhadora. O primeiro alvo foi Gisela Simona. O candidato do PSOL disse que a candidatura da ex-superintendente do Procon era uma espécie de “plano B” do governador Mauro Mendes (DEM).

Além disso, a acusou de fazer parte de um partido que votou a favor da reforma da previdência, e contra o servidor público. “O Pros votou a favor da reforma da previdência na Assembleia Legislativa, a senhora seria o plano do Governo Mauro Mendes?”, questionou.

As declarações causaram revolta em Gisela que o chamou de desinformado. “Sou servidora pública, tenho honra de ser servidora pública e fui conta a reforma da previdência, que foi a pior reforma que o servidor público já teve. Não pertenço a esse governo. Sou servidora e tenho orgulho disso e lutaremos pelo servidores públicos dentro da prefeitura”, rebateu.

Abílio Junior e Gisela Simona polarizaram o terceiro bloco do debate entre os oito postulantes ao comando do Palácio Alencastro. Enquanto a candidata pelo PROS explorava a questão das mulheres, considerando as declarações do vereador em blocos anteriores, Abílio adotou uma postura mais dura e encarou os ataques de Gisela.

A troca de farpas começou quando o parlamentar a questionou sobre gastos com pessoal e o pagamento da revisão geral anual (RGA) aos servidores públicos.

De acordo com Abílio, a Prefeitura está quebrada por conta de uma pedalada fiscal de R$ 300 milhões, e que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) notificou a administração por conta do gasto com a folha pessoal.

"Não faço campanha para ter likes. Sou uma pessoa séria", alfinetou Gisela ao dizer que o combate a corrupção, enxugamento da máquina e corte no número de contratados e comissionados irá auxiliar a regularizar a questão financeira orçamentária da Capital.

Em tom irônico, Abílio disse que a candidata não precisava gritar nem se alterar. “Quem é chamado de louco sou deu, não precisa gritar", disse.

Abílio também bateu boca com o candidato pelo PT Julier Sebastião, ao responder o candidato petista um questionamento referente a educação na Capital. O vereador acusou o advogado e Gisela de se unirem para ataca-lo.

“A esquerda está alinhada para fazer um enfrentamento a um candidato que seja de direita. O senhor que defende uma candidatura de mulher deveria sair e deixar uma mulher se postular. Sobre a educação, ela tem melhorado muito no governo Bolsonaro”, completou Abílio.

Diante das acusações de Abílio, o candidato petista voltou a se embasar na fala do parlamentar referente a Gisela. “Ele continua desrespeitando as mulheres. Aqui ninguém nasceu de um ovo, vamos respeitar as mulher e peça desculpas”, disse.

No que tange a corrupção, Julier lembrou de sua atuação como juiz federal. “Tem gente que diz que combate à corrupção, mas faz isso há quatro anos apenas. Para quem não se lembra, ajudei a desmantelar o crime organizado enquanto juiz federal”, enfatizou.

Abílio não deixou barato e citou o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “Temos um juiz aqui que faz live para lançar candidatura junto com ex-candidato alvo de denúncia de corrupção. Ele é de um partido que a ex-presidente foi afastada por pedaladas fiscais e o outro preso por corrupção”, disse.
 
 
 
Atualizada às 14h37
 
 
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