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15/10/2020 às 16:49 | Atualizada: 15/10/2020 às 16:49

Após dois anos e meio, audiência com médica que atropelou verdureiro é adiada

Camilla Zeni

Exatamente dois anos e meio depois do acidente fatal que vitimou Francisco Lúcio Maia, completados nessa quarta-feira (14), o  Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) pretendia ouvir a médica Letícia Bortolini, acusada de tê-lo atropelado.

O acidente fatal foi registrado na noite de 14 de abril de 2018, na Avenida Miguel Sutil, uma das principais de Cuiabá. Naquele dia, Letícia havia passado a tarde em um evento de churrasco com o marido e, ao retornar para casa, no fim da noite, atropelou o verdureiro que tentava passar pelo canteiro da avenida, fora da faixa de pedestres.

Apesar do atropelamento, Letícia, que é médica dermatologista, não parou para prestar socorro. Ela foi encontrada pela polícia em sua casa, em um condomínio de luxo no bairro Jardim Itália, em Cuiabá. Por conta da omissão, a médica passou a responder um Processo Ético Profissional. 

Conforme o CRM, nessa quarta-feira (14) seria realizada oitiva com a médica e com a filha de Francisco Lúcio Maia, responsável pela denúncia no Conselho. No entanto, a defesa de Letícia Bortolini protocolou um pedido de adiamento da audiência, o que foi acolhido pelo instrutor do processo. 

Em nota, o CRM apenas informou que a justificativa do adiamento seria porque a médica estaria     “impossibilitada de acompanhar a prática do ato”, sem prestar outras explicações. 

“Sendo o depoimento do denunciado um ato em sua própria defesa, bem como um meio de prova, é salutar que seja resguardado o direito das partes, visando evitar futuras arguições de nulidades, o que poderia acarretar em atrasos indesejáveis para o deslinde do processo”, finalizou a nota da presidente do CRM-MT, a médica Hildenete Monteiro Fortes.

Ação judicial
Apesar de já ter mais de dois anos do acidente, o caso da médica ainda tramita na Justiça estadual sem resolução. No fim de setembro, o juiz Flávio Miraglia, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, determinou nova perícia nas provas apresentadas no caso

Em ofício assinado em 1º de setembro, o magistrado destacou que houve falha na reprodução de um dos oito DVDs entregues com os vídeos e fotos da noite do acidente. Por isso, perícia realizada no mês de julho não foi capaz de analisar as imagens.

O acidente
Era noite de 14 de abril de 2018 quando a médica Letícia Bortolini, de 39 anos, atropelou o verdureiro Francisco Lucio Maia ao deixar uma festa, com seu marido, em direção a sua casa, no Bairro Jardim Itália, em Cuiabá.  

Imagens da avenida Miguel Sutil, onde aconteceu o acidente, mostraram o trabalhador com um carrinho de verduras, tentando passar pelo canteiro, quando foi atingido pelo veículo de Letícia, um Jeep Compass.
Segundo as investigações, Letícia dirigiu sob efeito de álcool e não parou para prestar socorro ao trabalhador, que morreu no local. 

Ela foi denunciada pelo Ministério Público do Estado em setembro daquele ano, pelos crimes de homicídio doloso (quando há a intenção de matar), omissão de socorro, condução sob embriaguez e se afastar do local de sinistro para fugir da responsabilidade. 

A médica chegou a ser presa depois do acidente, mas conseguiu liberdade pouco depois e responde, desde então, em liberdade.
 
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