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29/10/2020 às 20:03 | Atualizada: 30/10/2020 às 08:21

A duas semana da eleição, Emanuel usa programa para justificar 'dinheiro no paletó'

Alline Marques

O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) quebrou o silencio a respeito do caso do Paletó e levou o assunto para o programa eleitoral desta quinta-feira (27). Após 3 anos das cenas do emedebista colocando dinheiro no terno ter ido ao ar no Jornal Nacional e chocar a sociedade cuiabana, ele, enfim, pediu desculpa e disse que é incidente que ficou no passado. Voltou a afirmar que é inocente e ainda colocou Valdecir Cardoso para testemunhar em seu favor no programa.

“Quero falar de um assunto pelo qual tenho sido muito atacado pelos meus adversários. Primeiro, quero lembrar que esse episódio aconteceu quando eu era deputado, antes de ser prefeito”. Assim iniciou o programa eleitoral em que resolveu se justificar de estar no gabinete do ex-governador Silval Barbosa colocando dinheiro no paletó.

“Eu estava lá naquele dia para receber pelas pesquisas que o gabinete do então governador devia ao meu irmão. Ele estava precisando, me pediu para ajudar a cobrar e eu concordei. Recebi apenas parte da dívida, em dinheiro. O resto do pagamento seria feito em 3 cheques que depois foram devolvidos porque estavam sem fundo”, explica Emanuel.

O prefeito ainda garante que tudo está documentado no processo da Justiça Federal. Ele destaca trecho do processo em que diz: “não se questiona a existência da dívida entre o então governador (ou seu partido/grupo político) e a empresa do irmão de Emanuel Pinheiro, e o próprio Silvio Correa reconhece essa dívida”. E aponta que o próprio delegado da Polícia Federal no inquérito policial também atesta a dívida.

No entanto, apesar de o prefeito alegar que consta a comprovação da existência da dívida no processo, ainda assim, o juiz Jeferson Schneider acolheu a denúncia feita pelo Ministério Público Federal e Emanuel passou a ser réu na ação juntamente com os outros parlamentares flagrados na mesma circunstância.

Na sequência comenta sobre Valdecir Cardoso, que era homem de confiança do ex-governador e responsável por instalar as câmeras na sala de Silvio Corrêa, ex-chefe de gabinete de Silval.

Valdecir aparece no programa relatando o que ocorreu no dia em que vários deputados foram gravados embolsando dinheiro, fosse no paletó, na bolsa, mochila ou até em caixa. Ele explica que Silvio lhe informou que teria um almoço com os deputados e lhe entregou uma lista com os nomes dos parlamentares. O ex-chefe de gabinete teria informado ainda que algo diferente iria ocorrer e quando pedisse era para Valdecir chamar um por um no gabinete.

Eis então que Emanuel teria chegado pela recepção e queria falar da dívida do Popó. Valdecir conta que sabia da dívida e o prefeito não estava na lista de deputados para ser gravado. “Foi injustiça, mas eu não podia falar nada. Quando vi o vídeo, disse para minha esposa: ‘Emanuel não tem nada a ver com o pessoal’”, afirmou no programa eleitoral.

Sobre a demora em dar esclarecimento referente ao caso do paletó, o prefeito alegou que deve-se ao fato de o processo ter estado em sigilo. “Sei que parte da sociedade me julgou negativamente, até porque não falei logo sobre o assunto, acontece que o inquérito corria em segredo, mas a última decisão do juiz federal liberou para que eu pudesse me expressar”.

Porém, vale ressaltar que desde 12 de setembro o processo não está mais em sigilo e, ainda assim, Emanuel esperou mais de um mês de campanha para falar do dinheiro no paletó. Agora o candidato à reeleição espera que a duas semanas da eleição o pedido de desculpa surta efeito na população cuiabana.  

“As imagens são fortes, e peço desculpa por elas, mas esse incidente ficou no passado. Na prefeitura temos trabalhado muito e feito grandes obras com total transparência. Nenhuma dessas obras teve qualquer tipo de questionamento. Quando houve problemas com auxiliares, como acontece em qualquer gestão, eu os afastei imediatamente. Cuiabá segue com um modelo de gestão que prioriza quem mais precisa, os mais carentes”, finalizou.

Porém, há que se explicar que muitas obras foram questionadas tanto pelo Ministério Público, quanto pelo Tribunal de Contas, inclusive as dos viadutos. No entanto, alguns destes procedimentos ainda seguem em investigação e em sigilo.

Sobre o afastamento dos quatro secretários, todos eles foram afastados por decisão judicial, e inclusive o secretário de Saúde, Luiz Antonio Possas de Carvalho, já foi derrotado duas vezes com pedidos em que tenta retornar à pasta. Já com relação à transparência, é sempre uma dificuldade entender os números ou até mesmo encontrar informações de maneira clara quando se busca o portal do site da Prefeitura de Cuiabá.
 
 
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