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24/11/2020 às 19:00 | Atualizada: 24/11/2020 às 23:19

Bate-boca e troca de acusações marcam debate entre Abílio e Emanuel com comerciantes

Da Redação - Alline Marques / Reportagem local - Eduarda Fernandes

Os dois candidatos que disputam a Prefeitura de Cuiabá participam de um debate com comerciantes na noite desta terça-feira (24). O evento é organizado pela Federação de Comércio, Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso (Fecomércio). O objetivo do evento é conhecer melhor as propostas dos candidatos, principalmente voltada à economia da capital, que foi bastante afetada com as medidas de combate ao coronavírus.

Abílio Junior (Podemos) e Emanuel Pinheiro (MDB) responderão as perguntas elaboradas pelos comerciantes e pelas entidades representativas e ao final terão a oportunidade de fazer perguntas num confronto direto entre eles.

O evento conta ainda com a parceria da Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL Cuiabá), a Federação das CDLs de Mato Grosso (FCDL/MT) e sindicatos filiados.

Centro Histórico

Emanuel foi o primeiro a falar do assunto. O prefeito disse que o retorno da faixa verde está em processo de licitação após ter sido debatido com o Tribunal de Contas de Estado. Ele pontuou que realizou uma Parceria Pública Privada para a construção de uma galeria no antigo mercado municipal, localizado na Isaac Póvoas. A obra deve ser concluída em 36 meses. Há ainda projeto para duas praças subterrâneas no centro histórico.

Com relação às pessoas em situação de rua, fizemos um comitê municipal da população de rua e o grupo irá estabelecer as políticas públicas de acolhimento. E os camelôs, de acordo com Emanuel, já foram mapeados e foram credenciados 130 ambulantes e ainda deve chegar a 248.

Abílio rebateu alegando que há quatro anos foram feitas as mesmas perguntas e os problemas são os mesmo ainda. Ele informou que fará estacionamentos rotativos. Já com relação aos ambulantes, o candidato fez questão de reforçar que não são inimigos e pretende, ao contrário do que a atual gestão fez, que foi retirá-los do centro, realizar um ordenamento para que possam trabalhar. Já com relação à população de rua, Abílio disse que fará um trabalho com pessoas técnicas e cuidar com carinho dessas pessoas, ao invés de colocar apadrinhados políticos na pasta responsável por atender esses moradores.

Além disso, Abílio informou que pretende ampliar número de câmeras para videomonitoramento e cuidar dos casarões do Centro Histórico e aproveitou para alfinetar o prefeito dizendo que não deixará cair as casas como ocorreu com a Casa de Bem Bem e a pintura de Adir Sodré que foi apagada da Praça 8 de Abril.

Questionado sobre em quanto tempo pretende colocar em práticas as medidas, Abílio disse que precisa conhecer a realidade da prefeitura, porque o adversário diz ter feito muitas coisas, porém é preciso avaliar os contratos. “Porque se observar a moralidade de quem tá saído temos que verificar o que ele está fazendo, com relação a PPP a mesma coisa, verificar se não tiver beneficiando amigos. Então para precisar a data, precisamos saber se está tudo certo para dar andamento as ações”, declarou.

Vagas em creche e metas para pré-escola

Abílio disse que tem conversado muito com Gilberto Figueiredo, que foi secretário municipal de Educação, que iniciou as obras, muitas delas entregues agora pelo atual prefeito, que aumentou significativamente o número de vagas de creches. “Na gestão de Gilberto não teve secretário afastado por suspeita de corrupção”, alfinetou o candidato do Podemos.

Dois secretários de Emanuel foram afastados por suspeita de corrupção na Educação durante a operação Overlap. São eles Alex Vieira, que era o titular da pasta, e Marcus Brito que estava como procurador do Município.

De acordo Abílio, a ideia é fazer parceria com o governo do Estado para ampliar a rede de ensino. Comentou ainda que Emanuel deixou a desejar na área. “Nós pretendemos buscar parceria com a iniciativa privada para oferecer vagas de imediatas e o segundo ponto é terminar obras inacabadas para oferecer vaga na rede pública”.

“Nós estamos fazendo estudos e a gente viu a possibilidade de no primeiro ano, por meio de parcerias, oferecer 2 mil ainda no primeiro ano, para ofertar mais vagas nos anos subsequentes”, declarou Abílio.

Emanuel destacou que a meta de universalização da pré-escola realmente não foi cumprida por seu antecessor, no caso Mauro Mendes, e ainda alfinetou lembrando que o governador apoia Abílio. O prazo venceu em 2016, mas foi prorrogado para 2022. De acordo com Emanuel, a necessidade de vaga em Cuiabá é de 8600 vagas, destas os pais só solicitaram quase 5 mil vagas. A partir disso temos 24 CMEIs, 26 creches privadas que fazem parceria com o município, oferta 12.500 vagas. O objetivo é atender nos próximos dois anos atender a demanda solicitada pelos pais.

Liberação de alvará

Questionado sobre o não cumprimento da lei do alvará automático, Abílio disse que pretende cumprir a legislação. “A construção civil será o grande mote para avançar a cidade no pós-covid, se conseguirmos destravar obras de até 1500 m² vamos conseguir fazer com que o setor desenvolva. Não precisa de burocracia, porque já tem um sistema chamado o SigCuiabá, em que todos os dados do nosso município estão lá, nós podemos cruzar com o sistema construtivo para emitir o alvará apenas com um clique, protocolando os documentos necessários”.

Sobre a modernização do setor de projetos da Prefeitura, Abílio reforçou que é preciso desburocratizar a prefeitura e falou sobre simplificar a gestão para automatização. Segundo ele, existem sistemas que facilitam o cruzamento de informações para projetos menores e deixar para os analistas apenas projetos grandes.

“Quem quiser investir em Cuiabá, será tratado como cliente e vamos incentivar porque isso vai aumentar arrecadação do ITBI, do IPTU. O puder fazer para desburocratizar para as pessoas investirem em Cuiabá vou fazer. É um compromisso”.

Emanuel tentou justificar a demora para colocar em prática a lei do alvará automático, disse que foi preciso cruzamento de sistemas, preparação dos analistas e ainda uma reforma administrativa. De acordo com ele, o alvará é uma realidade que será implementada até 15 de dezembro. Ele alegou que houve grande dificuldade para cruzar sistemas.

O prefeito explicou ainda que a lei é de 2014 e ficou travada, porém, garantiu que irá se tornar e vai virar realidade na atual gestão.

Setor imobiliário

Emanuel foi questionado sobre o fato de não ter alterado a planta genérica que influencia no valor do IPTU e ele rebateu alegando que foi a única gestão que não realizou alteração no valor dos impostos. Ainda assim, a prefeitura conseguiu aumentar em 80% a arrecadação. O prefeito falou em justiça tributária.

Abílio rebateu alegando que Emanuel não entende nada de mercado imobiliário e nem de planejamento urbano. O plano diretor está vencido há dois anos e pontuou que o prefeito realizou a expansão do perímetro urbano da cidade sem pensar na economicidade da cidade. "Eu fui um dos poucos que votou contra a ampliação na Câmara. Às vezes o senhor tem dificuldade em aprovar o alvará automático, mas tem facilidade para aprovar a expansão do perímetro urbano”.

Outro ponto levantando pelo candidato é que os políticos não realizam planejamento da cidade e ficam preocupados em obras eleitoreiras, pensando apenas em marketing. “A Prefeitura está carente de um setor de planejamento”.
Como arquiteto, Abílio ainda rebateu alegando que é possível readequar a planta genérica da cidade e reduzir tributação. Além de criar incentivos para os vazios urbanos. 

Ainda sobre a relação com a Câmara, já que os reajustes passam pelo Legislativo, Abílio disse não ter dificuldade e que houve muita mudança, ironizando que foram retirados os paus mandados do Emanuel.

“Primeiro que tudo que for justo, honesto, e bom nunca teve dificuldade em ser aprovado na Câmara. O que teve dificuldade eram projetos ruins. E outra questão importante é que a Câmara sofreu uma renovação e o atual prefeito perdeu 11 paus mandados dele e colocamos 14 novos vereadores compromissados com a cidade de Cuiabá.  Vamos ter facilidade em administrar em parceria com a Câmara e planejamento urbano vamos fazer e não colocar alguém do Crea só para calar a boca da entidade”, finalizou Abílio.

Transporte público e o VLT

Abílio aproveitou para lembrar o episódio do paletó e declarou: “nunca serei visto numa fila indiana para pegar dinheiro e colocar no paletó”. Ele ressaltou que o VLT é um modal intermunicipal e não fará ‘conversinha fiada’ falando que vai fazer se o governador não fizer. “Agora como prefeito, cabe representar no MPF, TCU, cobrar a concessionária, cobrar o governo para que faça o serviço ou devolva o dinheiro”.

O vereador adiantou também que vai realizar uma auditoria no contrato com as empresas que venceram a licitação do transporte público, além de ter sido realidade sem pensar no modal. Sobre o transporte, ele ainda disse que quer instalar um bilhete único, porque o custo é fixo, e vai retomar a cobrança, a bilhetagem. “Não temos compromisso com empresários do transporte”.

Emanuel foi questionado sobre as contradições do seu plano de governo com a realidade da cidade, mas usou a resposta para desqualificar o adversário o chamando de despreparado. Sobre proposta, diz que está colocando em prática a agenda 21 que vai melhorar a trafegabilidade na cidade, comentou sobre os corredores de ônibus.

Sobre o VLT, Emanuel pontuou que falta determinação política. “O governador quer ou não o VLT?”. Para ele, é confortável a posição do atual gestor estadual de não tomar decisão política.


Gastos públicos

Abílio começou falando sobre os gastos com a folha de pagamento e que a prefeitura já foi notificada por estar no limite prudencial. Ele acusou ainda que os contratados são cabide de emprego. Para ele, para reduzir gastos é preciso melhorar a eficiência, vai diminuir para 11 secretarias, realizar concurso público para que o servidor concursado melhore a arrecadação, além de desburocratizar e facilitar o investimento no município.

O vereador propôs ainda criar incentivos para ISSQN e para ICMS, na busca de atrair novas empresas. “Não dá para gastar com coisas supérfluas como R$ 150 milhões em comunicação, como R$ 15 milhões num semáforo que deveria ser inteligente, mas inteligente foi quem vendeu”.

Abílio explicou ainda que pretende incentivar os observatórios sociais para melhorar a transparência e a fiscalização colaborativa.  

Questionado sobre o aumento dos gastos públicos, Emanuel primeiro debochou de Abílio falando que ele não sabe o limite prudencial, chamou ele de desinformado, para depois falar da minirreforma administrativa que reduziu em 3% os cargos, o que resultou em economia para criar a Secretaria da Mulher. Emanuel defendeu os cargos comissionados e disse que não são cabides de empregos. Ele ainda acusou Abílio de romper com ele por não ceder cargos para o parlamentar.

Segundo bloco

O segundo bloco foi de confronto direto entre os candidatos e foi marcado por ataques, troca de acusações e poucas propostas. Por mais que o mediador tentasse controlar ambos, a situação saiu do controle. Assuntos como combate à corrupção, combate do uso da máquina pública em eleição, prisão de secretários e funcionários fantasmas foram abordados durante o debate entre ambos.

A primeira pergunta foi feita por Emanuel Pinheiro que questionou o adversário sobre os gastos pessoais e os números da prefeitura, na tentativa de ironizar o conhecimento do vereador. Abílio relembrou as duas notificações do TCE sobre os gastos excessivos da prefeitura. E falou sobre as denúncias na saúde levantadas pela CPI, comandada por ele na Câmara, que apontavam o loteamento de cargos na Pasta. E claro que não deixou de falar sobre os dois secretários afastados na saúde sob suspeita de corrupção na gestão da Pasta.

Para Emanuel, Abílio é apenas um personagem e tentou mentir sobre a notificação do Tribunal de Contas reafirmando que cumpre o limite prudencial, porém, de fato ele foi notificado pelo TCE sobre as despesas de pessoal.

Abílio aproveitou a oportunidade para questionar o emedebista sobre o que ele vai fazer para combater a corrupção e acabou sofrendo ataques direto relacionados às denuncias de familiares que eram fantasmas em órgãos públicos. E por fim, o gestor declarou: “não há corrupção com o aval do prefeito”.   

O vereador chamou Emanuel de mentiroso e disse que tem conquistado na justiça o direito de derrubar as acusações falsas feitas pelo prefeito durante a campanha. Ele ironizou: “quando estiver mentindo o senhor toma cuidado e olha para baixo para seu nariz não encostar em mim e nem me machucar”.

Outra temática levantada por Emanuel foi o fechamento da empresa cuiabana de saúde e a consequência da medida. Abílio informou que o problema é justamente as facilidades permitidas às empresas que possibilitaram fraudes em licitações, que são alvo de ações na justiça.

As denúncias de aluguéis fantasmas não passaram batidas por Abílio, que relembrou que os contratos tinham a assinatura do próprio Emanuel e que após investigação do MP o contrato da locação do prédio da Secretaria dos 300 Anos acabou sendo suspenso.

E claro que o caso do paletó não ficou de fora do embate. Abílio quis saber de quanto era a suposta dívida do irmão do prefeito com o ex-governador Silval Barbosa e quanto colocou no terno no dia em que pegou o dinheiro.

Emanuel escorregou e não respondeu, alegando que foi chamado para debater propostas, mas aceitaria falar do assunto, caso Abílio também comentasse sobre o desvio de recursos da igreja e dos fieis. E ainda trouxe à tona problemas na atual administração da Assembleia de Deus após a morte do avô do vereador, pastor Sebastião, assunto que nada interfere na administração municipal e chamou o adversário de “fantasminha”.

“Agora o senhor ofende a igreja, mas não responde sobre a dívida do seu irmão. De quanto era a dívida, quanto foi buscar para seu irmão e quanto o ex-governador devia para o Popó?”, rebateu Abílio.

O uso da máquina pública na campanha, como o caso da prima de Emanuel, Miriam Pinheiro, que estaria pressionando e até ameaçando servidores para votar no prefeito também foi comentado. O chefe do Executivo tentou se desvincular dizendo que trata-se de uma ex-servidora e que é um problema jurídico que caberá a justiça analisar.

Questionado sobre os apoios recebidos no segundo turno, Abílio respondeu: “a resposta é bem simples, qualquer um que quiser nos apoiar no sentido de votar na gente é bem-vindo, os outros que quiserem votar em nós vote, eu não tenho compromisso com eles, não tenho compromisso com o governador, não tenho compromisso com o Roberto França, não tenho compromisso com ninguém que declara apoia em mim”. 

Abílio ainda citou os gastos de campanhas e as dívidas que Emanuel vem acumulando ao longo da disputa eleitoral. Ao final, ambos falaram sobre as propostas para o pós-pandemia. O vereador propôs desburocratizar o setor empresarial e incentivar emprego, sem fila para atendimento na área da saúde. Ele ainda criticou as medidas tomadas por Emanuel, que foram prejudiciais para Cuiabá, os gastos errados, e ressaltou a importância da criação do Centro de Triagem na Arena Pantanal.

 
Atualização às 19h27 / Atualizada às 20h19 / Atualizada às 20h32 / Atualizada às 20h53 / Atualizada às 21h15 / Atualizada às 21h27 / Atualizada às 22h47
 
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