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28/11/2020 às 15:20 | Atualizada: 28/11/2020 às 15:22

Herpes que matou 16 macacos pode ter sido transmitida por alimento ou contato humano

Maria Clara Cabral

Herpes é uma doença viral portada por seres humanos que apresentam quadro clínico – sendo as lesões bocais o sintoma mais comum – para o resto da vida. Ela fica alojada em locais específicos e quando a pessoa se estressa aparece novamente, explica o professor e médico veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Edson Moleta.

O responsável pelo laudo das mortes repentinas de 16 saguis no Parque Estadual Mãe Bonifácia, em Cuiabá, concluiu que essa foi a fonte de contaminação e causa dos óbitos. É o quadro nos macacos é severo e fatal, causando lesão em vários órgãos, inclusive no coração e sistema nervoso central, o que foi detectado em todos eles.

“Provavelmente, alguma pessoa [com herpes] estava frequentando o parque e acabou sendo fonte de contaminação. É muito comum que essa infecção esteja relacionada ao alimento. Então a pessoa está consumindo o alimento e oferece para o macaco, joga descuidadamente no ambiente ou tem um contato próximo com o animal. Existem outras possibilidades de contaminação, mas essas são as principais”.

Quando o macaco entra em contato com o agente transmissor através do alimento oferecido, jogado no ambiente ou do contato humano, há grande risco de rápida infecção para outros indivíduos do grupo.

“O tempo de incubação do vírus dura em torno de uma semana. Nesse intervalo de tempo em que o macaco desenvolve o quadro clínico, ele está contaminando outros indivíduos e é o que está acontecendo aqui. Como a mortalidade é alta, praticamente todo o grupo que vivia aqui foi dizimado. Possivelmente seja recolonizado e por isso a gente tem que ter responsabilidade e consciência dos resíduos que produzimos”.

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Contaminação entre espécies?

Sobre a possibilidade de contaminação de herpes entre espécies – como do humano ao macaco – o professor explica que o herpes vírus geralmente tem um hospedeiro habitual, mas é uma possibilidade real entre primatas.

“O suíno, por exemplo, tem o herpes vírus que, depois que esses animais se adaptam, tende a ser benigno, como nos humanos. Quando esse patógeno cruza uma barreira interespecífica de espécies, ela está relacionada à mortalidade alta”.

Ele destaca, no entanto, que nem todas as espécies que tem a capacidade de adquirir essa infecção, mas as diversas espécies de macacos sim. “Provavelmente todos os primatas que estão aqui são suscetíveis. Outras espécies nós não temos conhecimento de quadro clínico por essa doença”.
 
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