21/01/2021 às 14:26 | Atualizada: 21/01/2021 às 14:27
Setor metroferroviário vê mudança de VLT para BRT 'equivocada' e critica dados
Camilla Zeni
Entidades nacionais do setor metroferroviário emitiram uma carta-manifesto contra a decisão do governo mato-grossense de mudar a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) para o Bus Rapid Transit (BRT). Conforme as organizações, a mudança foi pautada "sem estudos técnicos suficientes".
Na carta, as entidades afirmam que a visão técnica do setor metroferroviário aponta o oposto do que foi decidido pelo governo do Estado, no sentido de que a implantação do VLT continua sendo mais viável do que a mudança do modal.
"O projeto do VLT Cuiabá-Várzea Grande está muito avançado enquanto o do BRT está em fase ainda preliminar, sem estudos definitivos, projetos básicos, executivos, licenças ambientais… o que torna impossível avaliar a alternativa BRT corretamente e, menos ainda, compará-la com o VLT", apontaram.
Conforme as entidades, o VLT seria a melhor escolha para fazer o trecho entre as cidades em razão de critérios como menor custo para a conclusão das obras, maior interesse público, menor tempo para implantação, já ter material rodante (vagões) adquiridos, maior velocidade operacional e menor custo operacional, uma vez que carrega mais passageiros por menos unidades.
As entidades ainda afirmaram que desde outubro de 2020 tentam participar de audiência com o governador Mauro Mendes (DEM), no intuito de debater a viabilidade dos modais de transporte, mas não obtiveram sucesso.
"Em respeito à engenharia, aos estudos nacionais e internacionais, aos projetos de sucesso já implantados, aos procedimentos administrativos e legais, às portarias interministeriais que norteiam o setor, aos recursos públicos já investidos, aos contratos de financiamento público em curso, propomos um amplo debate público para que a verdade venha à tona e com ela fique definitivamente claro que a decisão correta para o caso em tela é terminar a obra do projeto LT Cuiabá-Várzea Grande", pediram.
O documento é assinado pelos Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviário (Simefre), Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (AEAMESP), Associação Latino-Americana de Ferrovias (Alaf) e pelo Instituto de Engenharia.
Apontamentos
No relatório anexo à carta, as organizações rebatem, ponto a ponto, das alegações utilizadas pelo Governo de Mato Grosso para justificar a mudança do modal, que foi anunciada à sociedade no dia 21 de dezembro.
Confira alguns pontos levantados pela entidade:
Sobre matriz energética
Visão do governo: VLT usa cabos aparentes; BRT é movido a eletricidade, com bateria recarregável
Visão do setor: VLT usa cabos, mas sem riscos de pontos de carga, autonomia ou descarte; governo não abordou questões de custo, pontos de carga, manutenção, autonomia e descarte de baterias para o BRT
Visão do setor: Não é possível calcular custo sem projetos básico e executivo; VLT tem projeto conhecido e em boa parte implantado
Custos para conclusão da obra
Visão do governo: VLT R$ 763 milhões; BRT R$ 430 milhões, com a aquisição de 54 ônibus elétricos
Visão do setor: VLT 763 milhões (maior parte investimento privado); BRT R$ 1 bilhão em recursos públicos
Tempo de implantação
Visão do governo: VLT 48 meses; BRT 24 meses
Visão do setor: VLT 30 meses; BRT 42 a 48 meses
Risco para implantação do modal
Visão do governo: VLT maior risco; BRT menor
Visão do setor: VLT menor risco; BRT maior risco
Número de veículos
Visão do governo: VLT 29 vagões (incluído três reservas); BRT 54 ônibus (incluído quatro reservas)
Visão do setor: VLT 40 vagões (incluído três reservas) já comprados e transportados para VG; BRT 54 (incluído quatro reservas), mas precisam ser especificados, fabricados e transportados até VG
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