Imprimir

Imprimir Notícia

14/02/2021 às 08:00 | Atualizada: 14/02/2021 às 08:02

Wilson Santos analisa vetos e plebiscito e adianta articulações políticas

Eduarda Fernandes

Na última semana, vários debates movimentaram o cenário político local. Dentre eles, chamou atenção a manutenção do veto ao Projeto de Lei Complementar nº 36/2020, na Assembleia Legislativa, o qual visava modificar as normas da aposentadoria de servidores estaduais inativos. A proposta de plebiscito para que a população escolha entre BRT ou VLT também dividiu posicionamentos.

O Leiagora conversou com o deputado estadual Wilson Santos (PSDB) sobre esses e outros assuntos que circulam nos bastidores da política. Confira íntegra abaixo:
 
Leiagora - Te surpreendeu de alguma forma essa manutenção do veto ao PLC 36?

Wilson Santos:
Os deputados derrubaram dois vetos e mantiveram um. Foi surpresa porque esse processo foi longo, transparente. Em momentos muito mais difíceis os deputados colocaram a cara, subiram à tribuna, defenderam, votaram abertamente. Então a sociedade acompanha os processos até hoje, sabe nome por nome como cada um se manifestou e como votou.

Eu votei as duas vezes abertamente, discursando a favor do PLC 36 do colega Lúdio e votei sim, votei pela derrubada do veto, como votei pela derrubada do veto da Empaer e da RGA do Poder Judiciário. Foi uma surpresa, não esperávamos. Mas, na minha opinião não está terminado. O governo ainda deixa uma fresta de porta aberta. Ainda há um espaço para a gente negociar. Eu vou agora protagonizar essa discussão. Vou na Casa Civil trabalhar a construção de um novo projeto, que, se não atenda integralmente o que os aposentados querem, pelo menos diminua o tamanho desse desconto.

Leiagora - Acha que isso pode gerar um desgaste com o governo?

Wilson Santos:
Encaminhando de maneira correta, respeitosa, não.
 
Leiagora - Qual sua avaliação sobre o plebiscito do VLT?

Wilson Santos:
Eu sou o autor do projeto. Há um projeto de resolução na Assembleia, onde eu propus, diante da demora do governo em decidir, eu propus a realização do plebiscito, que é previsto na Constituição Estadual e Federal. Mas isso foi antes do governo decidir. Depois que o governo decidiu, está decidido. Agora vamos fazer obra.
 
Leiagora - Nesse momento, o senhor acha que é politicagem?

Wilson Santos:
Não, não sinto isso. Qualquer um dos dois modais, seja o BRT ou VLT, é superior ao que está aí hoje. O que está aí hoje é que tem que sair. Ônibus velhos, ônibus caros, desconfortáveis, não cumprem horário, é uma verdadeira palhaçada o que está aí. Se colocar BRT, é um salto extraordinário. VLT também. Então independente do modal que vier, é preciso decidir e decidiu, vamos à obra.
 
Leiagora - Mas existe a questão da Caixa Econômica Federal, que não autoriza o uso dos recursos do VLT para outro modal.

Wilson Santos:
Mas o governo não precisa mais desse dinheiro. O governo tem dinheiro em caixa para fazer. O secretário Gallo já falou disso na semana passada. O Governo de Mato Grosso não vai buscar empréstimos, ele tem o dinheiro.
 
Leiagora - Então a mudança de modal aprovada pela Assembleia não deve ser palco de discussão mais para frente sobre a constitucionalidade?

Wilson Santos:
Não, isso reforça a legalidade da decisão do governador. O próprio Poder Legislativo ratificou a decisão e isso é importante. Porque foi a Assembleia lá atrás, há quase 10 anos, que decidiu também mudar o modal para VLT. Então agora a Assembleia anula aquela decisão e volta o BRT, que era original.

Quando eu fui prefeito de Cuiabá, o Murilo Domingos estava em Várzea Grande e Blairo Maggi no governo. Nós três assinamos o BRT. Então a origem é o BRT, a gênese disso é o BRT.
 
Leiagora - Deputado, o PSDB já esteve em uma situação um pouco melhor, uma expressividade maior com um correligionário ocupando o Governo do Estado. Quais são os planos para 2022, para recuperar essa expressividade? Deve lançar um nome próprio ao governo?

Wilson Santos:
É cedo. O PSDB começa se reorganizar. Aqui em Mato Grosso nós tivemos a quarta maior votação nominal nas eleições municipais. O presidente Avallone começa a correr o interior, vamos ter encontros em breve. Em nível nacional o partido sempre disputou eleições e vai disputar.
 
Leiagora - Tem alguma orientação para a estadual?

Wilson Santos:
Para a estadual a tendência nossa é acompanhar o Governo Mauro Mendes. Há uma tendência forte de irmos com ele na reeleição.
 
Leiagora - Não existe uma ordem de cima para lançar candidato ao governo?

Wilson Santos:
Não, nenhuma ordem. Até porque os estaduais têm autonomia.
 
Leiagora - Como está a situação do Nilson Leitão? Há uma conversa de que ele tem sido paquerado por outras siglas.

Wilson Santos:
O Leitão tem recebido convites para a mudança partidária, mas tem garantido que não vai aceitar nenhum, vai permanecer no PSDB.
 
Leiagora - E com relação ao BID Pantanal, como estão as conversas?

Wilson Santos:
Uma pena que as autoridades não estão levando a sério. O Governo de Mato Grosso não tem projeto para o Pantanal. O Governo de Mato Grosso do Sul também não tem projeto para o Pantanal. E a União também não tem projeto.

E ao mesmo tempo existe um projetaço, um projeto estruturante, que levou seis anos para ser construído, aprovado pelo Senado, dinheiro liberado, que analisa de A a Z todos os atores do Pantanal, apresenta soluções, caminhos e dinheiro para todas as demandas do Pantanal. O que é preciso fazer é atualizar o projeto, cortar o que tem que ser cortado, acrescentar o que tem que ser acrescentado e ir em frente.

E um projeto extraordinariamente bem executado, bem elaborado pela Universidade Federal de Mato Grosso, pela federal de Mato Grosso do Sul, pela Embrapa Pantanal, Unemat, Ministério de Meio Ambiente, pela Sema de Mato Grosso, pela Sema de Mato Grosso do Sul, pelos pescadores, pecuaristas, pelas prefeituras.
 
Leiagora - O que falta?

Wilson Santos:
Falta os que têm poder de decisão, os governadores e o presidente conhecer o projeto, apaixonar-se por ele e ir à luta e tirar do papel.
 
Leiagora - Qual a perspectiva para retomar esse debate?
 
Wilson Santos: Eu estou cobrando. Falei semana passada com o representante do BID aqui no Brasil, conversa muito boa. Ele disse que o projeto lá está encerrado, mas o banco, uma das suas principais funções é financiar o desenvolvimento sustentável, e que ele vê com bons olhos o reinício da discussão. Para isso, primeiro nós tínhamos que apresentar uma carta-proposta para iniciar. Então estou aqui cobrando, vou continuar cobrando.

A salvação do Pantanal não são medidas paliativas nem a varejo, é um programa estruturante, como é o BID Pantanal.
 
 Imprimir