Imprimir

Imprimir Notícia

12/03/2021 às 07:23 | Atualizada: 12/03/2021 às 09:49

Fávaro reza por 2022 e avalia: 'decisão sobre Lula muda completamente quadro político'

Camilla Zeni e Marina Martins

"O jogo zerou", comentou o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) sobre a anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Operação Lava Jato. A decisão foi tomada liminarmente pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 8 de março. 

Apesar de apontar que não tem conhecimento jurídico para comentar a decisão, o senador por Mato Grosso avaliou que o fato de Lula estar com possibilidade concorrer ao cargo de presidente da República no próximo pleito, por agora ser elegível, modifica o cenário político que tem se desenhado desde a eleição passada. 

"O que eu posso dizer é que muda completamente o quadro político brasileiro neste momento. Vamos precisar de um período para ver como as forças políticas vão se rearanjar", comentou, em entrevista ao Playagora

Fávaro também apontou temer que a notícia reacenda, de forma mais potencializada, a polarização esquerda-direita vivida no Brasil. Para ele, o momento atual indica a possibilidade de uma briga "acirrada, nervosa e sangrenta" dos próximos meses até as eleições. 

Essa polarização também ficou evidenciada com a eleição de Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018, uma pessoa completamente oposta ao perfil de Lula, que foi preso em abril daquele ano, acirrando as discussões na época das eleições.

"Agora, certamente, o jogo zerou nesse momento. Vamos ver os desdobramentos nos próximos passos, mas peço a Deus que ilumine todos os dirigentes partidários, para que possamos construir um 2022 com propostas, para que o povo brasileiro possa decidir qual é o melhor destino nas eleições presidenciais de 2022", continuou Fávaro, comentando sobre a possibilidade do ex-presidente se candidatar no próximo ano.

Em 2018, o PSD havia apoiado Geraldo Alckmin para a Presidência, que acabou em 4º na disputa no primeiro turno, atrás de Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro. Já no segundo turno, apesar de maioria simpatizar por Bolsonaro, o partido se declarou neutro, em respeito aos diretórios regionais que são aliados do PT. O partido ainda não tem indicações de qual caminho seguirá em 2022.

Lula elegível

No dia 8 de março, o ministro Edson Fachin anulou todas as condenações impostas pela Justiça Federal do Paraná contra Lula, no âmbito da Operação Lava Jato. Fachin apontou que a 13ª Vara Federal de Curitiba, onde atuava Sérgio Moro e a, atualmente, Gabriela Hardt, não é o "juiz natural" para analisar os casos da operação. 

O entendimento de Fachin é com base em decisões anteriores do STF, que já determinou a remessa de uma série de processo para a Justiça Federal do Distrito Federal. Segundo o ministro, os únicos casos que devem ficar em Curitiba são os relacionados à Petrobrás, sendo que nenhum envolve Lula. 

Com a decisão do STF, Lula não tem mais impedimentos legais que o enquadrassem na Lei da Ficha Limpa, já que todas as suas condenações foram anuladas. No entanto, é importante destacar que Fachin, ao anular as decisões, não analisou se o ex-presidente é ou não culpado de qualquer crime pelo qual foi denunciado. Sua decisão é exclusiva em relação à competência do juízo de Curitiba. 

Também cabe destacar que o plenário do STF vai analisar recurso da Procuradoria-Geral da República contra a decisão de Fachin, podendo mudar o entendimento do ministro.
 
 Imprimir