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19/03/2021 às 17:03

Produtores de leite do Oeste de MT cruzam os braços e reivindicam preço de venda mais alto

Eduarda Fernandes

Produtores de leite da região Oeste de Mato Grosso interromperam as entregas aos laticínios por conta da desvalorização do produto, que hoje é vendido a aproximadamente R$ 1,60. A Associação dos Produtores de Leite do Oeste de MT (APLO-MT) pede R$ 2,30. Pecuaristas chegaram a bloquear estradas no início desta semana, mas foram obrigados a se retirar por decisão da Justiça.

Agora, o protesto segue porteira adentro, com a paralisação da ordenha. “Estamos reivindicando preço da baixa de R$ 0,20 que os laticínios tiraram dos produtores. Por revolta com a baixa do leite que os produtores paralisaram dentro das propriedades. A região Oeste de Mato Grosso hoje tem maior bacia leiteira do país. Tem como qualquer propriedade melhor sua renda, só que com o preço em baixa e os insumos e veterinária em alta, os produtores não conseguem ganhar dinheiro”, afirma o presidente da APLO, Luciano Rodrigues, em entrevista ao Leiagora.

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Luciano garante que os produtores associados, que são em torno de 550, estão aderindo à paralisação. “A união dos produtores está firme. A Associação vai mostrar paras os produtores que temos que vender nosso leite, não entregar o leite. É o que acontece hoje. O objetivo é conseguir R$ 2,30 por litro para sobreviver nas propriedades. E o melhor preço do Estado. Para começar a fazer projeto de investimento nas propriedades. Hoje estamos abertos ao diálogo com os laticínios e o Governo, mas nada foi resolvido até agora”, aponta.

Presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Mato Grosso (Sindilat), Leomir Chaves explica que a baixa no preço do leito ocorreu em todo o país e que o valor exigido pelos produtores é inviável no atual cenário do mercado. “Esse valor no Brasil o produtor não tem em lugar nenhum. O leite spot, que é o que uma indústria vende para outra, está correndo na faixa de R$ 2, R$ 2,10”.

Além disso, ele argumenta que as medidas restritivas implementadas em razão da pandemia impactam nos setores que consomem o leite, como restaurantes, padarias e pizzarias, e até mesmo no consumo doméstico. “Eles questionam que o queijo no mercado está caro, mas nos atacados de Cuiabá tem muçarela a R$ 21,90 a barra. Agora, se a pessoa for em uma padaria comprar 100gr fatiado vai ser caro mesmo, tem que procurar onde está mais barato”.

Leomir defende que os laticínios não são o vilão nessa situação e reforça que entende também o lado do produtor, que sofre os impactos da elevação do custo dos insumos, por exemplo. “Quando dá pra pagar, paga. Mas é uma questão de sobrevivência. Se tabelar a R$ 2,30 e obrigar a pagar, daqui 60 dias está tudo quebrado, aí é pior. A gente tem que ter responsabilidade para tocar o negócio”.

O presidente do Sindilat orienta que os produtores busquem reduzir seus custos, pois a queda no preço é generalizada. Ele lembra, ainda, que historicamente o preço do leite baixa na safra e aumenta na entressafra. “Todo mundo tem que reduzir custos e tentar sobreviver, tanto economicamente, quanto de saúde. A situação é crítica”.
 
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