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20/03/2021 às 07:59 | Atualizada: 21/03/2021 às 08:37

Entenda porque taxa de ocupação de UTIs em MT não chega a 100% mesmo com fila de espera

Camilla Zeni

Mato Grosso vive neste mês de março seu pior momento da pandemia da covid-19 desde o descobrimento do primeiro caso de moradores infectados, em 2020. Mesmo tendo ampliado sua rede hospitalar, com a abertura de mais de 300 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), o estado viu o colapso no sistema de saúde chegar. 

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, ao fim da tarde de sexta-feira (19) haviam 136 pessoas na fila de espera por um leito de UTI. No entanto, o boletim informativo sobre o cenário da pandemia no estado apontou para uma taxa de ocupação de 94,7%, com a existência de "34 leitos disponíveis". 

Mas, então, por que há tanta gente na fila de transferência? A divergência nos números chamou a atenção de um promotor de Justiça de Mato Grosso, que, em uma ação movida na Justiça, chegou a questionar a veracidade da informação repassada pelo Estado. Então, o Leiagora foi atrás da resposta. 

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Segundo a secretária-adjunta de Regulação, Controle e Avaliação, Fabiana Bardi, a taxa de ocupação não chega a 100% porque os maiores hospitais do estado precisam manter leitos de UTI bloqueados para pacientes de enfermaria. Conforme a secretária, esses leitos são chamados de “leitos de retaguarda” e são característicos de hospitais com alto número de enfermarias. 

“Um hospital com 70 leitos de enfermaria, é natural, e ele deve ter reservado um quantitativo para a retaguarda desses pacientes que estão nos leitos de enfermaria, pois a covid-19 tem uma característica de piora no quadro clínico muito rápida. Então, todos os hospitais que sejam referência naturalmente fazem a reserva de retaguarda”, explicou à reportagem. 

A secretária informou que, havendo a necessidade de transferir um paciente de enfermaria para a UTI, a mudança deve ser feita de forma imediata. “É exatamente para isso que servem os leitos de retaguarda”, destacou.

Fabiana ainda comentou que a regulação dos pacientes que dependem de UTI leva em consideração a gravidade da doença e a localização geográfica. O primeiro lugar onde os médicos procuram vagas é dentro da própria unidade hospitalar. Não sendo possível, devem buscar um leito no hospital mais próximo da região. 

“Não tendo a vaga, aí ele é inserido na Central de Regulação de Urgência e Emergência, para que esse paciente possa ser transferido inclusive de região para região dentro do estado ou até mesmo fora”, complementou a secretária. 

Segundo apurou a reportagem, os dados que constam nos boletins da SES também levam em consideração as informações disponíveis na hora em que os números são colhidos. Dessa forma, também há a possibilidade de que algumas das vagas de UTI sejam ocupadas após a divulgação da atualização da pandemia no estado. 

Covid-19

Nessa semana, Mato Grosso bateu recorde de diagnósticos positivos em um período de 24 horas. Os dados foram divulgados no fim da tarde de quinta-feira (18) e foram colhidos desde o início da tarde do dia 17. Nesse intervalo de tempo, mais de 3,4 mil pessoas testaram positivo para a covid-19 e 67 mortes foram registradas. O maior número de mortes foi contabilizado no dia 15 de março, quando se registrou 86 mortes em 24 horas.
 
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