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07/04/2021 às 14:35

Observatório Social questiona contratação de empresa para administrar UTI do Metropolitano

Eduarda Fernandes e Marina Martins

O Observatório Social de Mato Grosso enviou uma carta aberta ao governador Mauro Mendes (DEM) em relação à contratação da Organização Goiana de Terapia Intensiva (OGTI) para administrar a UTI do Hospital Metropolitano, em Várzea Grande, ao custo de R$ 7,9 milhões. O motivo é que um levantamento feito pelo Observatório aponta que a empresa teve índice de 100% de mortalidade no Hospital Regional de Sinop, nos meses de outubro, novembro e dezembro do ano passado.

Em entrevista ao Playagora, Elda Mariza Valim Fim, presidente da diretoria executiva do Observatório Social, explica que o grande problema nessa contratação é a transferência de responsabilidade sobre a decisão acerca da vida das pessoas que estão internadas para uma empresa.

“Isso não tem previsão legal em nenhum lugar na administração pública. A transferência de gestão para uma empresa privada. Existe, sim, uma previsão de transferir para uma Organização Social, uma OSS. Só que, nesses tipos de contrato passa-se a gestão, mas tem prestação de contas, metas e indicadores para atingir”, esclarece.

Em setembro de 2019, o Observatório Social alertou o Estado que tal contrato continha graves problemas e não fornecia garantia de qualidade dos serviços prestados. “Mas a culpa não é da empresa. A culpa é de quem contrata a empresa e entrega na mão dela as vidas humanas”, pontua.

Elda conta que o Observatório conseguiu, junto à Procuradoria Geral do Estado (PGE), acesso aos pagamentos da empresa e fez o cálculo da mortalidade ainda em julho de 2019. Com os dados em mãos, notificou o Estado e cobrou providências. “Só que, infelizmente, o Governo não tomou providência e em outubro, novembro, dezembro, a mortalidade já tinha chegado a 100% das saídas”, aponta.

Elda esclarece que o dado não quer dizer que todas as pessoas internadas na UTI do Metropolitano morreram nesses três meses, mas aquelas que saíram da unidade, saíram sem vida. “Quais são os tipos de saída da UTI? Você sai dali com alta, sai transferido para outro hospital ou sai por motivo morte, óbito”.

Segundo a presidente, o Governo nega o percentual e acusa o Observatório de estar mentindo sobre os dados. Neste contexto, Elda rebate: “Então qual é a verdade? Se não foi essa taxa, então qual foi a taxa? Estamos pressionando e disseram que não podem dizer. Ora, se não podem dizer e nós estamos usando os dados públicos disponíveis na internet não tem como falar que estamos mentindo”.

Na carta, o Observatório cita que foi criada uma comissão de apuração do índice de mortalidade hospitalar das UTIs do Hospital Regional de Sinop, em 18 de setembro 2020, cuja portaria estabelecia o prazo de 30 dias para conclusão dos trabalhos. “Passados 196 dias e prorrogado duas vezes o prazo da comissão pelas Portarias 086/2020/GBSES e 006/2021/GBSES, não se tem notícia de conclusão dessa comissão”, aponta.

“Diante de tudo isso, o Observatório Social de Mato Grosso recebeu com extremo assombro a decisão do Governo do Estado de Mato Grosso de submeter os cidadãos da região metropolitana à prestação de serviço da OGTI, principalmente sem a conclusão da comissão de apuração da mortalidade e sem o acompanhamento de consultoria especializada em assistência hospitalar, medidas que o próprio Estado se propôs a tomar”, acrescenta a carta enviada ao governador.

Como solução, o Observatório Social de Mato Grosso pediu ao Governo do Estado que contrate diretamente os profissionais de saúde, podendo com isso até oferecer salários maiores e atrair mais profissionais. “O que acontece hoje? O Estado paga mais para a empresa. A empresa oferece um salário pequeno. E os profissionais de Cuiabá estão indo para outros Estados trabalhar, onde pagam mais. [...] Nós não concordamos com essa forma de contratar um serviço altamente especializado, contratar como se fosse um posto de trabalho terceirizado. Aí você não sabe quem está lá”, comenta a presente ao Playagora.

Ela cita como exemplo o município de Sinop, onde o Observatório contabilizou menos de 10% dos plantões eram feitos por profissionais não terceirizados. Elda encerra ressaltando que vê os profissionais de saúde como vítimas desse tipo de contratação. “Não somos contra os profissionais de saúde, pelo contrário”, reforça.

Veja aqui a carta aberta.

Nota de Esclarecimento

Por meio de nota, a Supremecare, sediada no município de Cuiabá, respondeu as acusações. Confira a nota na íntegra abaixo:

A Supremecare, sediada no município de Cuiabá, vem a público nesta terça-feira (6) para responder aos ataques espúrios feitos pelo Observatório Social de Mato Grosso sobre a inauguração de 20 novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Metropolitano de Várzea Grande. São centenas de vidas que serão salvas.

Em nota, o Observatório questiona o Governo do Estado pela contratação da Organização Goiana de Terapia Intensiva (OGTI) para gestão destes novos leitos. A OGTI é a empresa matriz da Supremecare. O Observatório apresenta uma série de dados falsos sobre a mortalidade de pacientes na UTI do Hospital Regional de Sinop, onde durante três meses teriam sido registrados índices de 100% de óbitos entre os pacientes na referida unidade. Trata-se de um dado fictício e fantasioso, rodeado de interesses que em nada representam a população de Mato Grosso, e, certamente, demonstram a duvidosa integridade ética do observatório.

O próprio Governo do Estado publicou em seu site uma notícia mostrando que os dados estavam errados. Porém, mesmo assim, o observatório volta a atacar o Sistema de Saúde com suas mentiras.

A suposta carta publicada pelo Observatório apenas coloca dúvidas desnecessárias sobre a sociedade. São as famosas e covardes fakenews. A instituição atua com profundo desrespeito aos mais de 50 profissionais da área de saúde contratados para atuar na linha de frente dos novos leitos. Por plantão, são 12 técnicos de enfermagem, dois enfermeiros, dois médicos, e dois fisioterapeutas, além de assistente social, fonoaudiólogo, psicólogo, dentista, nutricionista e 11 médicos especialistas que atendem conforme necessidade específica de cada paciente.

Trata-se de um gigantesco esforço para garantir atendimento de qualidade para a população que sofre com a pandemia, especialmente neste momento de grande dificuldade para contratação de profissionais. São heróis que colocam as suas vidas, assim como de seus familiares, em risco em jornadas de trabalho exaustivas.

Em tempo, a Supremecare lembra a toda sociedade mato-grossense que o Observatório Social de Mato Grosso não é reconhecido pelo Sistema Observatório Social do Brasil, justamente por não seguir os padrões de metodologia e integridade necessários. Trata-se de um “observatório pirata”, cujos objetivos e prejuízos causados à sociedade devem sim ser investigados.

A Supremecare seguirá prestando seus serviços com máxima dedicação e responsabilidade, e sempre se coloca à disposição para restabelecer a verdade.
 
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