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11/04/2021 às 18:00 | Atualizada: 11/04/2021 às 18:06

Autismo não é doença: no mês de conscientização psiquiatra fala sobre acolhimento

Luzia Araújo

Estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo tenham autismo, sendo que dois milhões delas estejam no Brasil, porém esse número pode ter aumentado com a pandemia do coronavírus. Segundo Jaqueline França, psiquiatra especialista no tratamento do espectro autista, o número de diagnóstico do transtorno cresceu no último ano.

Ela explicou que o aumento pode estar ligado ao fato dos pais estarem mais tempo em casa, devido as medidas de biossegurança para conter o avanço do vírus e observarem os comportamentos frequentes do autismo nos filhos. 

“Antes as crianças ficavam o dia inteiro na creche, escola ou com babás e, agora, não existe mais isso. Os pais estão mais presentes em casa e observaram os comportamentos frequentes do autismo”.   

A psiquiatra ressaltou que houve também um crescimento no diagnóstico do transtorno em pessoas adultas. Ela explicou que a família que tem a suspeita do espectro autista em casa precisa procurar um psiquiatra ou um neurologista, para fechar um diagnóstico e iniciar o acompanhamento. 

“Ainda temos muitos mitos que envolvem o transtorno do espectro autista. O autismo não é uma doença. Ele é um transtorno, uma condição neurológica, que vai afetar todo o organismo da pessoa, por isso encontramos muitos falando também que o autismo é neurobiológico. As pessoas dentro do espectro autista vão ter dificuldade de interagir socialmente e de se comunicar, além dos comportamentos motores repetitivos nos quais a criança não consegue conter”.

Jaqueline explicou que não existe um exame que identifica se a pessoa é autista ou não, porém é feita uma avaliação clínica, baseada em manifestações comportamentais.

“O psiquiatra ou o neuro vão precisar de avaliações mais focadas de outros especialistas. Ai entraria avaliações de uma psicóloga para avaliar a parte de comportamento. Um fonoaudiólogo para avaliar a parte de comunicação da linguagem. Um terapeuta ocupacional para avaliar a disfunção no processamento sensorial. Então, utilizando dessas informações e o neuro vai poder fechar ou não o diagnóstico”

A especialista destacou a importância de compreender o comportamento de um autista no nosso dia a dia. Ela também lembrou que abril é o mês internacional de conscientização do autismo e que a data importante para divulgar transtorno e acabar com a discriminação. 

“Quando conhecemos o assunto, eu me coloco no lugar do outro e compreendo o que acontece com ele. Então fica mais fácil buscar estratégias para compreender um autista. Precisamos trabalhar e conseguir viver com o diferente, independente do nome que damos para ele. Devemos nos colocar no lugar da outra pessoa e compreende-lo. Além disso, precisamos sair de um espaço de apontar e dizer o que o outro é e passarmos para o espaço de evolução pessoal”. 
 
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