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28/04/2021 às 08:00

‘A urna eletrônica não tem mais volta’, afirma novo presidente do TRE

Eduarda Fernandes e Paulo Henrique Fanaia

Ao contrário do presidente da República Jair Bolsonaro, que defende a volta do voto impresso, Carlos Alberto Alves da Rocha, eleito presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT) para o biênio 2021/2023, foi taxativo ao dizer que “a urna eletrônica não tem mais volta”. Em coletiva de imprensa virtual concedida na manhã desta terça-feira (27), logo após sua posse, ele analisou esse tema, também falou sobre fakenews, eleições de 2022 e alguns planos para sua gestão.

“Os mais velhos sabem o que era um voto de papel. Sabem como era feito a eleição em si. Desde quando tinha que se alistar para pegar um título, até depositar o voto na urna de lona. A fraude era a coisa mais comum e todos sabiam, mas ninguém fazia nada, os próprios mesários agiam em prol do seu candidato. Tinham um mapa aonde você colocava os votos. A urna eletrônica não tem mais volta, não podemos retornar aquilo que sabemos que é um absurdo, temos que aprimorar. O voto impresso, nós vamos institucionalizar a compra de votos”, apontou.

Carlos foi ainda mais incisivo ao declarar que “esse tipo de voto não podemos ter nunca mais”. Ao invés disso, entende que a urna eletrônica é que deve ser aprimorada.

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O desembargador lamentou as fakenews (notícias falsas) acerca da segurança da urna eletrônica. E citou, neste sentido, que todo ano o Tribunal Superior Eleitoral faz uma audiência pública, onde abre as urnas para quem quiser tentar fraudá-las e, com isso, descobrir se há falhas no sistema. “E até agora não apareceu ninguém. Ninguém conseguiu entrar na urna”, destacou.

Ainda falando de fakenews, Carlos Alberto cobrou que é preciso educar e conscientizar a população, pois essa luta não é só da Justiça Eleitoral, “deve ser de todos os eleitores de cada cidadão”.

Carlos Alberto também citou que a imprensa tem uma importância fundamental na lisura e transparência das eleições. “Um trabalho excelente passa não só pelos juízes TRE e servidores, mas também pela imprensa em divulgar aquilo que é essencial, correto e que conclama o cidadão a votar de uma forma correta”.

Celeridade

Para o novo presidente, a palavra de ordem é celeridade. “Hoje mesmo conversei com todos os membros, onde nós pedimos: ‘vamos fazer, através da Corregedoria, que todos os magistrados agilizem as ações’”, contou.

O novo presidente ponderou que muitas vezes a “enxurrada de recursos” atravancam as ações, mas, ainda assim, prometeu tentar ser ágil em toda e qualquer ação. A título de informação, afirmou desconhecer nos últimos quatro anos qualquer ação que ultrapasse o tempo do mandado do candidato. “Tivemos ações que perduram, são por questões alheias ao Tribunal Eleitoral”.

Combate à pandemia com tecnologia

Em razão da pandemia, a prestação jurisdicional precisou se reinventar. A tecnologia, mais do que nunca, foi de extrema necessidade para não cessar o andamento da Justiça como um todo. Neste contexto, Carlos Alberto disse que tentará aprimorar essa dinâmica, a exemplo do que fez o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), que passou a julgar por sessões virtuais.

“A experiência que tivemos no TJ é de grande valia para aplicarmos aqui no Tribunal Eleitoral. Nunca imaginamos que uma pandemia fosse fazer que a gente implantasse ferramentas que o projeto era daqui um ano ou dois e tivemos que fazer isso em meses. O próprio TRE já implantou as sessões virtuais, logo de início. A experiência do TJ foi muito valiosa e esperamos que possamos dinamizar o Tribunal Eleitoral”.

Orçamento para eleição de 2022

Para as eleições de 2022, a Justiça Eleitoral de Mato Grosso estima gastos de R$ 14 milhões com custeio e R$ 6 milhões com pessoal. “Os desafios são vários, mas a Justiça Eleitoral de MT já tem um ‘know how’ muito grande e nós estamos preparados para a futura eleição”, garantiu o novo presidente.
 
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