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27/04/2021 às 14:40 | Atualizada: 27/04/2021 às 14:42

Após 5 horas, questionamentos sobre medicamentos vencidos ficam sem respostas

Da Redação - Alline Marques / Da Reportagem Local - Kamila Arruda

Por que em seis meses não sem tem um resultado da investigação realizada sobre os medicamentos vencidos? Por que os órgãos de controles não foram comunicados sobre a suspeita de irregularidade? E quantos milhões foram gastos com os remédios fora do prazo de validade? Todas as perguntas ficaram sem resposta após cinco horas de sabatina à secretária de Saúde de Cuiabá, Ozenira Félix, que esteve na Câmara de Cuiabá nesta terça-feira (27).

Em falas vagas, tanto a gestora, quanto outros servidores que participaram da sessão, acabaram apenas se ponderando em explicar superficialmente os procedimentos adotados para distribuição e descarte do remédios. O fato, inclusive, não agradou os parlamentares de oposição e o clima chegou a esquentar durante as perguntas da vereadora Maysa Leão (Cidadania), uma das que esteve presente no Centro de Distribruição de Medicamentos e Insumos da Capital. 

Outros questionamentos sobre o por quê esses medicamentos não foram distribuídos e por quanto tempo ficam estocados acabaram ficando no vácuo. Wille Calazans, coordenador técnico de Atenção Secundária, se reumiu a falar que devido à pandemia alguns medicamentos acabaram tendo uma baixa demanda. Porém, foi rebatido por Maysa que alegou que a Amoxicilina é um dos antibióticos que podem ser utilizados contra infecção. 

Outro item que bastante questionado pela oposição é a lata de leite Ninho que atendem mães com bebês. Durante a fiscalização, diversas latas de leite em pó foram encontradas fora do prazo de validade. 

O vereador Dilemário Alencar (Podemos), por exemplo, cobrou que fosse implementada ações mais efetivas para evitar que novos medicamentos venham a perder a validade. “A senhora disse que abriu procedimento criando uma Comissão, mas não demonstrou que fez ações concretas para cessar os medicamentos vencidos. É notório que milhares de medicamentos continuaram tendo os prazos vencidos nos meses seguintes, inclusive alguns ainda em abril deste ano”, apontou.

Ele ainda foi mais além, e questionou a secretária sobre o motivo que a levou a não denunciar o fato aos órgãos de controle, uma vez que a situação foi identificada assim que ela assumiu o comando da Secretaria de Saúde em outubro do ano passado. 

Ozenira apenas alegou que não tinha como fornecer tais informações porque o levantamento sobre o caso ainda não foi finalizado pela pasta e alegou que o processo está em sigilo. Logo no início da sessão, a secretária apontou que a ação dos vereadores teria, inclusive, atrapalhado a investigação, porque alertou possíveis pessoas que teriam, supostamente, cometido alguma irregularidade. 

A vereadora Edna Sampaio (PT), por sua vez, criticou a postura da integrante do primeiro escalão municipal, que no início da sessão ordinária, se emocionou ao relatar que tem sido vítima de racismo. Mulher negra, a parlamentar lamentou os ataques, mas alertou que a denúncia se trata de um problema grave, que inclusive afeta diretamente à população preta e perda de Cuiabá, que é quem mais precisa desses medicamentos. 

Por fim, Ozenira garantiu que irá ampliar o grupo de trabalho que está trabalho no levantamento de todas as informações e dados referente aos medicamentos vencidos para dar mais agilidade ao procedimento. Além disso, afirma que irá elaborar um cronograma de trabalho para finalização de toda investigação.

A secretária disse ainda que está à disposição para novas explicações, colocou todos os adjuntos da pasta à disposição dos vereadores, que agora criaram uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Medicamentos para apurar o fato. A CPI será comandada por Lilo Pinheiro (PDT), que foi o autor do requerimento para instalação do procedimento investigatório. 
 
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