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10/05/2021 às 15:30 | Atualizada: 10/05/2021 às 15:30

Inquérito contra Taques sobre caixa 2 perde sigilo; candidato recebeu R$ 2 milhões

Camilla Zeni

O juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, da 51ª Zona Eleitoral de Cuiabá, retirou o sigilo imposto sobre o inquérito policial que investiga o ex-governador Pedro Taques (Solidariedade) por suposto esquema de caixa dois para sua campanha eleitoral de 2014. A decisão, tomada pelo magistrado no dia 4 de maio, já foi cumprida. 

"Verifico que foi decretado sigilo dos autos anteriormente. Contudo, as razões pelo qual eu decretei não mais persistem. Dessa forma, determino a retirada do sigilo antes da remessa dos autos", anotou o juiz. Isso porque esse sigilo foi decretado em setembro de 2020, para garantir a isonomia entre os candidatos da eleição suplementar de 2020, na qual Taques disputou a vaga deixada por Selma Arruda no Senado.

Conforme a ação, o inquérito tem como base a delação do empresário Alan Ayoub Malouf, que atuou ativamente na campanha que elegeu Pedro Taques ao governo do Estado. Ele também foi o responsável por delatar esquemas que resultaram na Operação Rêmora e que tinham conexão com a Operação Sodoma, que investigou fraudes da gestão de Silval Barbosa. 

Em seu depoimento à Polícia Federal, em fevereiro de 2020, Malouf reiterou as declarações feitas no âmbito de seu acordo de delação. Segundo ele, o caixa dois com R$ 2 milhões teria sido formado a partir de uma doação do empresário Dalmi Defanti, da Gráfica Print. 

De acordo com Malouf, ele teria sido procurado por Taques em março de 2014, que revelou sua intenção de sair candidato ao governo. Então, um grupo de empresários simpatizantes da campanha ficou encarregaado de cooptar investidores entre seus círculos de amigos. Esse grupo seria formado por Eraí Maggi, Erivelton Gasques (City Lar), Fernando Minosso, Juliano Bortoloto (Todimo), Marcelo Maluf e o próprio Alan Malouf. Pouco depois, Julio Modesto - que veio a ser secretário-chefe da Casa Civil na gestão de Taques - passou a fazer parte do grupo.

Ainda segundo Malouf, em julho de 2014, ele teria levado Dalmi Defanti na casa de Pedro Taques, onde o grupo solicitou ajuda financeira de R$ 2 milhões. O acordo inicial, segundo o empresário, era doação de materiais gráficos. Entretanto, mudaram de ideia ao longo do caminho, uma vez que, segundo apontou o próprio então candidato, a empresa já era investigada por outros esquemas criminosos. 

O empresário registrou que, uma vez que não se faz campanha eleitoral sem material gráfico, o grupo chegou a declarar despesas com a Gráfica Print, mas garantiu que os pagamentos realizados, de cerca de R$ 900 mil, foram de fachada. Ainda conforme Malouf, o empresário devolveu o recurso para o pagamento de despesas não declaradas, fazendo, portanto, o caixa dois. 

O inquérito envolvendo o ex-governador Pedro Taques ainda não foi finalizado.
 
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