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Artigos / Colunas / Vinícius de Carvalho

03/04/2023 às 09:00

Foi dada a largada para 2024

A disputa para a Prefeitura de Cuiabá no próximo ano está esquentando. Na semana que passou duas pesquisas de intenção de voto foram divulgadas, listando alguns dos principais nomes apontados como pré-candidatos. A pesquisa da Percent foi aquela com resultados mais alinhados com o que eu vinha esperando e comentando. Ela trouxe no cenário 1 Abílio Júnior (PL) pontuando 24%, Lúdio Cabral (PT) com 18,3%, Fábio Garcia (UB) 8%, Eduardo Botelho (UB) e José Roberto Stopa (PV) empatados em 7,7%. No cenário 2 Abílio foi retirado e suas intenções de voto ficaram redistribuídas assim: Lúdio com 19,5%, Fábio Garcia 11,5%, Eduardo Botelho 10,6% e Stopa 9,7%. Somente 9,6% dos votos de Abílio é absorvido por outros candidatos, com 14,4% ficando sem destinação por enquanto. 

Isto demonstra o vínculo criado entre Abílio e uma fração importante do eleitorado, por conta de seu carisma e das boas votações em 2020 e 2022. Dentre os que escolheram outros candidatos uma minoria vai para Lúdio, como já era de se esperar pela forte oposição entre bolsonarismo e lulismo. Os maiores beneficiários são Fábio Garcia e Botelho, o que reforça o interesse do primeiro numa desistência de Abílio e futura composição com o seu grupo na vaga de vice.

De forma geral os números projetam a memória eleitoral. Senti falta dos nomes das candidatas a deputada federal Gisela Simona (UB) e Rosa Neide (PT), que estiveram entre as mais votadas em Cuiabá, com 17.000 e 24.000 votos, de modo respectivo. Vejo um pouco de machismo nisso, assim como na ausência de cenários com Janaina Riva (MDB), Amália Barros (PL) e Michelle Alencar (UB). Todas vêm tendo seus nomes citados nas especulações políticas. Concordo que nenhuma tem a preferência de seus partidos atuais para serem candidatas e terão um caminho mais longo, caso queiram.

Tenho dito que Abílio está praticamente garantido no 2º turno. A segunda vaga estaria aberta para os demais candidatos e candidatas. Porém, a rejeição é muito alta, como a Percent mediu em 25%. Pode ser até mais, de acordo com outras metodologias. Isto significa que ele estaria presente no segundo turno, mas daria de presente ao adversário a maior parcela do eleitorado que o rejeita. A tendência é que se repita o cenário de 2020, quando Emanuel também era muito rejeitado e priorizou Abílio nas críticas do 1º turno, de modo a consolidá-lo como anti-Emanuel e trazê-lo para o 2º turno. Lá seria mais fácil derrota-lo, como acabou acontecendo. Há cogitações de que ele estaria se preparando para uma candidatura a senador em 2026, quando serão duas vagas e o eleito pode ficar em torno de 20 a 25% dos votos válidos. Mas isso depende da elegibilidade de Abílio, que está nas mãos dos tribunais superiores em Brasília. Mas está é outra conversa, para um momento oportuno. 

É preciso olhar de forma prospectiva para visualizar uma possível durante a campanha.  Emanuel Pinheiro já disse que o candidato do seu grupo será o de Lula. Isto significa dizer que Lúdio e Stopa não poderiam concorrer junto, até porque ambos estão numa federação que só pode lançar um candidato. Stopa tem convite de outros partidos, como o MDB e pode buscar alternativas mesmo. Mas esta é uma articulação difícil de ser feita, ainda mais com o forte desgaste de Emanuel. O importante é destacar que o grupo do atual prefeito sozinho tem condições de chegar a pelo menos 60.000 votos ou cerca de 20% no primeiro turno, pela força da máquina da prefeitura. Eduardo Botelho tem tudo para ser uma peça chave nessa eleição. 

Vinícius de Carvalho

Vinícius de Carvalho
* é gestor governamental, analista político e professor universitário.   
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